sábado, novembro 13, 2010

UMA SUGESTÃO: Uma orquestra sinfônica para o estado do Amapá...

Não querendo rivalizar com argumentos que dizem que há tantas necessidades para duelar com futilidades, não penso desta forma. Acredito que a arte deva ter sua variedade apoiada, a formação de público, acessos, outras representações. Para isso cabe a sugestão do governo do estado do Amapá implantar uma orquestra sinfônica fomentando assim uma possível tradição de musicalidade no estado, apoiado criações e programas, calendários de atrações regulares que circularia pelo estado e teria o Teatro das Bacabeiras como cenário. Senão uma sinfônica ao menos uma orquestra de Câmara. Fica a idéia. 

terça-feira, novembro 02, 2010

UM PROBLEMA: Empoderamentos e solidariedades...

O que é possível fazer para um maior empoderamento das pessoas sobre suas realidades políticas, econômicas, sociais, artísticas... Para que não sejam marionetes de oportunistas? Será clareza política? Mais e melhor educação? Conhecimento local? Responsabilidades compartilhadas? Menos egoísmos? É possível reunir as forças dos atores sociais sem que as vaidades pessoais sejam elementos que atrapalhem os processos das-para as coletividades participativas e auto-retro-alimentadas? As autonomias podem ser solidárias?

Vamos pensar nisto.

Luciano Magnus de Araújo, o editor.

sexta-feira, outubro 22, 2010

UMA HISTÓRIA: A crônica de um dia, qualquer dia

Qualquer dia nasce com sua promessa. Pode ser que acontecimentos pintem um dia mais ameno ou mais carregado nas tintas. Olhar o dia se desdobrar, ver o que se descortina a frente, ter a presença em histórias no tempo, eventos, breves ou longas passagens de acordo com a atenção. Olhar o mundo e ver, esse é o exercício que venho trabalhando na crônica dos dias, qualquer dia. Dessa forma tudo vale ser observado e na natureza dos momentos, até mesmo a maneira como olhamos influencia a maneira como isso vai ficar no mundo para o passado-presente-futuro seja de que formato for.
Hoje pela manhã. Logo bem cedo, antes da cidade acordar estive em meio a enredos diversos. Caberia um parágrafo, como uma espécie de micro-história para exercitar a síntese e como sugestão para ampliações.
Para quem o dia não terminou: O ritmo daquele grupo logo ali à frente não é o mesmo de boa parte daqueles que decidiram atalhar o sono e descobrir o dia mais cedo. Aqueles ainda estão pelo dia anterior, certamente à noite. Uma ilha solitária ainda no extravasamento daquilo que a bebida pode proporcionar: papos a alta voz, som em competição de volume. Ganham a manhã no desgaste da noite. Hoje irão trabalhar? Certamente não. O rio Amazonas já deve ter testemunhado muito disso.
O pássaro mergulhador: Ao caminhar o corredor, ou sua pretensão de sê-lo, olhava intrigado para a visão do que certamente seria um pássaro. Num momento estava ali, noutro sumia. Mas sem vôo? Só restava a água como mundo possível. E continuava andando. Seus pensamentos estavam em outro lugar até que nova criatura no rio dava o ar de sua intrigante presença. Sumia. Parou um tanto. Esperou. Apareceu a criatura que para ele se confundia: era do mundo de cima ou de baixo desse rio? Estranho. Aparecia, sumia, de um canto para outro. Pensava o que essa ave encontrava debaixo da água, o que desinteressava na parte de cima. Ficou para o observador a curiosidade de saber o nome da ave sumidora. Seguiu a frente...
Entre porcos e homens: Não há tempo para o comércio. O mundo gira em torno de interesses e as coisas, criaturas e entendimentos vão encontrando seus espaços. Ali está posta uma relação desvantajosa. Homens e porcos, quem doma quem? Ainda que os porcos estejam em situação de não terem muitas escolhas. Lado a lado, presos, gritando para que alguém os tire daquela condição humilhante de não serem donos de seus destinos. E quem ali é? Certamente o que mais se aproxima dessa condição de liberdade é um passante que distoa no contexto, olhando tudo como a procurar algo. Fora isso. Tudo está no seu tempo normal. Homens que dominam porcos, que são negociados, que serão separados em pouco tempo, outras histórias de criaturas continuam, assim como a de seus donos. Não fosse o cheiro de tensão desesperada pelos animais, o restante das possibilidades seguiria seu caminho normal.
Para onde irá o navio?: O balançar da embarcação. Alguém espera saída, uma senhora vista de canto de olho certamente guarda muito da vontade de chegar, de ir. Recostada ali na varanda da embarcação olha fixamente para o desligamento. Sua  não permanência ali já era algo resolvido. Precisava chegar logo. Ao que indicava a embarcação, em tempo, estaria em Afuá. Precisava resolver um problema que já fazia companhia a ela, segundo mostrava seu semblante. Seria companhia certa ao longo da viagem. Nem todo balançar faria esquecer, aliás, só seria propicio para isso, pensar muito.
O sono solitário do cachorro de rua: A noite para um dono da rua está ganha. Recostado ali num canto de parede nem totalmente lá nem cá. Mas menos preocupado. A noite é mais tensa, o dia começa, possível é o sono. Não há nada certo. Nem comida, nem casa, nem carinho, nem vida, nem morte. Nada garantido que possa dizer ou pensar... Esses animais pensam sim, diria alguém. Há um conhecimento de mundo pleno que os acompanha. Saberes esses que ninguém domesticado conseguiria dimensionar. Mas agora não penso nisso. Somente guardo esse meu corpo de cão aqui nesse canto como em qualquer outro e deixo passar mais um tempo, para seguir outro e vir mais outro. Abro um pouco o olho e vejo que alguém de outra espécie e na mesma condição que eu se aproxima. Certamente nos reencontraremos no mundo que podemos criar... Fecho os olhos.
Aqueles que limpam a rua: Eles estão ali, por mais que a boa maioria não os veja. Estão lá. O motorista do caminhão desceu por um momento de seu posto. Pude ver pela identificação que se chama Jorge. Foi até o traseira do grande carro certificar-se de algum procedimento. Um colega grita ao longe no silêncio da cidade ainda adormecida. “Dá pra ver que coisa foi boa ontem!” Jorge, o motorista sorri. Volta a boleia, liga o som do carro e pensa: “ainda bem que eu consegui estudar um tantinho mais, não preciso ser o catador de fim de festa”. O mesmo catador da referência ao longe salta à janela: “ontem à noite conheci uma gatinha aqui”.
O comercio exclusivo do coco: Francisco era o único naquela hora a ter seu comércio aberto. O privilégio até dez horas da manhã, quando os outros vendedores de coco iniciavam mais um dia. Ainda havia silêncio na cidade. Estava colocando as coisas em ordem. Por um momento sentou-se e foi sua vez de olhar a paisagem e tomar uma inquestionável e doce água. Estava preocupado com a conta que se venceria hoje. Tinha parte do dinheiro. O celular toca. A conversa dura pouco tempo. Ficou alegre. Mais uma vez olhou o papel da fatura. Falou sozinho: “Mais uma que ganhei de você. Vamos ao próximo mês”.
A Corredora: Ela apareceu num repente, cheia de força, morena, alheia ao mundo, passando por esse mundo. Tinha a força avassaladora da vida, repleta de vida. Não havia mundo a sua volta, mas pulsação. A realidade de toda química e propósito ela realizava, era ela. Passou por mim, seguiu em sua corrida a passos rápidos. Sumiu depois mais à frente. Quando meu pensamento retornou, distraído, fiquei com a paisagem que meu caminhar me permitia. Só por um momento. Me volto a ela em retorno, vem, em aproximação, chega, nada ela vê, passa, some mais uma vez em minha imaginação...
Sentir-se feliz: Num momento senti-me feliz. Como dizer o que é isso? Indo por ali senti-me livre de obrigações, com tempo livre, caminhando na observação do mundo a minha volta. Acho que esse tipo de felicidade tem a natureza do privilégio de ver o mundo, o mundo dos outros em seus movimentos. Ser espectador às vezes pode trazer felicidade. Caminhando leve, olhando para tudo e nada ao mesmo tempo. Não retendo mais do que o olhar quer. A vontade do olhar. Só isso. Feliz de livre. Agora posso simular, pensou.
Um aceno a um conhecido: Logo cedo passou uma pessoa que conheço. Faz tempo que não via. Conheço de longe. Acenou-me, retribui. Foi. Estou indo. Atravesso a rua na faixa de pedestres, aproxima-se um carro.

sábado, outubro 09, 2010

UM POEMA: Diatribes em riste

Correm flechas
abduzidas por enredos cômicos.
Envolta etéreas
singram risíveis
num ar de cores de outros tempos,
que cheiros sentem,
as lembranças.
Trespassam floreios nobres
até serem certeiras
em pretensas probabilidades
de sons.

Fale alguém ao arqueiro
a quem pensa matreiro
sua intenção de sorrir,
da perfeição sorrateira
da força à revelia do arco.

quinta-feira, outubro 07, 2010

UMA IDÉIA: O chão da democracia

Nesses dias de convocação coletiva imagens e simbolismos são reforçados, criados e recriados. A democracia do voto contempla uma realidade que nos permite análises sobre os mais diversos aspectos. Quem tem olhos para ver o que se espalha no tempo-espaço das épocas eleitorais se espanta sobre o que fazemos de nossas vontades coletivas. Um desses momentos pôde ser visto aos montes nas sessões eleitorais espalhadas pelo Brasil.

O chão das sessões representava certamente um ideal de participação, mas poderia ser visto também como descaso, como menosprezo, como conivência, certamente algo de escárnio sobre o que é a política representativa hoje. Os caminhos dessa elegibilidade são verdadeiramente cheios de pontos que nos provoca o pensamento.
Logo que cheguei ao colégio onde contribui com a minha parte do processo presenciei uma imagem caricata disso que estou falando: a aleatoriedade do dia do voto. Um eleitor estava  ali, olhando para o chão, procurando um santinho dos tantos espalhados pelo chão que pudesse fazê-lo lembrar o número do seu candidato. Angustiado acompanhei como observador seus movimentos, e ainda estava esse eleitor lá, perguntando as pessoas qual era mesmo o número do candidato; nesse momento o sigilo e mesmo o drama já se tornava público. Até que alguém disse que tinha um santinho do tal candidato, o eleitor correu em buscar a informação. E não foi o único. Pouco antes de outras pessoas entrarem na cabine de votação mostravam essa mesma angústia. Será que essa é a síntese da escolha? A demonstração de que a forma de processo gera desdobramentos tão caricatos da realidade. Será que a dúvida do eleitor fortalecia certo alheamento diante da falta de organicidade com a política? Se não cultivamos compromissos, nos aproximamos de improvisos. Será isso mesmo? E em cada momento esse cenário de repete, com enredos eventualmente melhorados. O chão da democracia é mesmo desafiador. Onde a consistência do voto, onde a realidade da representação?
E por outro lado, falando da cena local, quem se deu ao trabalho de andar pela cidade de Macapá na tarde de domingo enquanto já iniciava a apuração dos votos no primeiro turno da eleição majoritária de 2010, viu como e representa o acolhimento aos processos políticos, que podem ser interpretados diversamente. Na Beira-Rio as pessoas nas calçadas de suas casas, coisa que não é normal, em dias normais, mostrando suas adesões política, entoando cantigas de campanha, embalando bandeiras. Mas diante da normalidade ou de seu contrário, um ponto: será que essas pessoas faziam isso de maneira espontânea, com consciência de que eram ali atores de processo cujo entendimento vai mais além do meramente alegórico? Um amigo próximo nesse momento dizia: “olha ai, o custo daqueles que estão realmente de ‘rabo preso’”. Será isso mesmo? A alegoria, portanto, pintando com fortes cores a realidade do que poderíamos pensar a ser política local (que não é em forma e conteúdo exclusivo da realidade local) mostrando que velhos esquemas se fortalecem a cada nova eleição.
Toda eleição se assemelha a uma grande catarse, qual uma copa do mundo, o que se espera é alguma coisa que possa ser definida como o orgulho das massas por fazerem parte ou serem agentes de algo que não conseguem com lucidez definir; mas vivem como possibilidades. A cada jogo ganho, renovado alento a disputa de melhor discurso; assim seguem as adesões ou repulsas da torcida partidária. A cada novo debate (ou anti-debate, mais autopromoção) se renova a torcida e a disputa. A cada nova consulta na pesquisas mais combustível para as paixões etéreas ou fomentadas pelo dinheiro no campo político; o mesmo com as declarações provocadoras à torcida e time adversário. Onde para o teatro das possibilidades? Na queda? O chão da democracia, dos santinhos espalhados na confusão da escolha do futuro consegue algum dia repercutir o que nem mesmo nos dispomos a pensar de maneira criteriosa? Quais critérios seriam esses? A lentidão dos dias e seus desafios, amplificados na contradição dos que nem ouvem, pouco falam, nem aparecem, quase votam, lerdamente escolhem...

Respiros!

- Agora são outros quinhentos, quando a campanha se encerrar, vamos contabilizar as perdas e lucros, não é mesmo, senhores!?
- E o que será da segunda vaga ao senado pelo Amapá?
- Desse jeito vai sobrar algum Ficha Suja com as Mãos Limpas? Tomara que não!!!
- “Dizem que a mulher é um sexo frágil, mas que mentira absurda!!!”
- Estou pensando seriamente em me candidatar a vereador na próxima eleição! Seriamente!
- A fiel da balança: e agora Marina?

quarta-feira, setembro 22, 2010

UMA PROPOSTA: Gentileza!!!!!

Mais gentileza no mundo e não haveria tanta gente infeliz. Promova isso na sua vida, seja gentil. Sorria. Seja mais leve. Consiga fazer outras pessoas sentirem-se bem. Goste de ser útil a alguém. Gentileza é doação e ação sem maiores interesses que não a construção de um mundo melhor, de parcerias. Ser gentil não é defeito nem fraqueza, é amadurecimento, sabedoria, observação e conhecimento do mundo. Ser gentil não compartilha com humor negro, com ironia, com acidez. Não há jogo na gentileza, mas sinceridade. Realize isso e verá os resultados no seu dia-a-dia!
Luciano Magnus de Araújo,
O Editor

sábado, setembro 18, 2010

UM PROBLEMA: problemas móveis...

Me digam o que pretendiam com os carros importados? Ferrari, uma Maserati, duas Mercedes e um Mini Cooper? Iriam circular nas "cuidadas" ruas de Macapá? Iriam mesmo mostrar esses "benefícios"? Se vivemos numa "ilha" de possibilidades, será que esses aprisionados iam mesmo arrancar a cem quilômetros e menos de dez segundos nas ruas de Macapá? Sem noção mesmo? 

sábado, setembro 11, 2010

UMA HISTÓRIA: No segredo da consciência

Conta-se que diante da prisão o individuo é levado a pensar sua vida. Os momentos últimos, os argumentos dos últimos tempos. Certamente deve ser assim. Aqui, distante dos olhares e comentários, histórias são contadas sobre aquele que esteve em meio. Quanto desenrolar sobre a pessoa que aqui está impedida do mundo. Guardo em mim certas lembranças, no fogo de minha consciência que urge meus argumentos. De quanto falta bem pouco ou muito para reagir às muitas vozes que pressinto e não ouço, quantas especulações sobre que fui e sou. Nem sei. O vão das horas correm iguais. E eu aqui, desse jeito, estou assim, sem chão. De quem dependo, confia em mim?  Quais caminhos de coisas escritas poderei seguir, usando a escrita da justiça dos homens. Quem serei eu diante disso? Aqui está tão calmo, quieto o lugar. Não me falam nada trancas, grandes, sentidos aprisionados. Mas não vejo paz, mesmo com essa calma de coisas contidas, não vejo paz. Falo em um tom mais comedido para que não me entenda mal. Bem compassado assim para que não me tomem pela rapidez do pensamento. Mas, perdido aqui... Solitário é o idílio, assim como é o desterro. A essa hora , plena madrugada, dorme o mundo que conheço. Há quem esteja apontando flechas para mim. Milhões de ilusões perdidas na fonte. Nada mudará por minha promessa. A imagem fica diante do absurdo que se sucedeu. A opinião de quem vale nesse cenário? Nem a minha, nem de tantos outros como eu, agora, nesse momento.  Peça da crença popular por justiça, cá estou. Um desenganado pelos próprios enganos afamados, guardados em pose de teatro trágico mundano e irretocável. Mais um pouco não seria trágico, mas comédia. E alguns se riem de mim. Pobre coitado sou eu. Nem me adianto caio com meus próprios pés. Contido pela sanha dos muitos valores que a vida nos ensina a querer ter. Coisas tão significantes que aqui, agora, nesse momento, nada valem. Assim como na vida, assim como no cadafalso. Reais suplicas ao populacho. Nada a dizer, temer tanto de mim. Do que serei capaz não sendo eterno. Será que meu professor esqueceu-se de dizer como é viver a condição de desvalido da liberdade? Que lição será essa? Qual tomo não li? Qual relatório? Dois momentos guardo na memória: aquele exato do delito, repetido, retomado, em conluio, parceiros valorosos até mesmo na alegria, na prisão; outro, a falta que enche, da angustia do desaviso. Os momentos anteriores a tudo, quando ainda há um momento de escolha. Quero não quero, até onde ir. Mas é incrível. Aprecio esse momento de enfado. Nem sono, nem vontade. Parece que o mundo para por um tempo. Tantos movimentos de apelos, movimentos que conheço muito bem, venho me preparando em meio. Coisas das artimanhas negociadas. Há que ser cuidadoso, atento, mas... Bom, não sei... Alguma coisa fugiu da realidade desses combinados. Em algum momento o coletivo operante não fez bem o que tinha que fazer. Morremos na praia. Será? Tanto planejamento para alcançar novos patamares, tanta estratégia em salas de combinação. Mas tudo, em vésperas de vitória já esperada, vários do grupo caem. Caímos por terra, vaidades no alto. Não sei. Parar pra pensar é meio constrangedor. Já está tarde na madrugada, suponho. Agora a pouco passou perto de onde estou um guardador de rebanhos revoltos. Olhou-me, nada há que ser dito. Aqui estão os que faltam ou se deixam alcançar. Onde reviver a imagens de potência de algum tempo atrás? Ah, essa consciência, sabe o que os outros especulam, procuram. É... Que estou fazendo aqui? Deus! Ajuda, senhor! As falhas cometidas são... Sei, imperdoáveis. O tanto dito aos quatro ventos diziam verdades... Deus. Fechar os olhos é dar luz a tudo, mais claras imagens. Nem durmo, ouço mais movimentos. Provável dia amanhecendo. Falas ao longe. O peso do encontro com outras consciências observando, criando juízos pelos que estão ali e me incluo. O erro, a queda, a punição, a perda da liberdade, o encarceramento. Quem de nós agora não deve estar repetindo esse exame de consciência. Alguns se garantindo liberdade e imunidade em pouco tempo, outros mais distantes de qualquer maior vaidade. Mas acusados, manchados, maculados. Esse pensamento vai longe e volta. Não há tanta calma agora. Toma força da sugestão. O caminhar é vacilante em meio ao futuro próximo. Certamente nessa manhã noticias estampam os jornais, as crônicas nos lugares públicos, o uso deliberado de tudo. Agora esses que aqui estão, nós, somos enredo para as próximas semanas, tempo que se aproxima de um tempo que afasta de mim aquilo que minha consciência me provocava a ver. O olhar para o futuro parece não ser mais tão azul, pleno. Não sei. Hoje, agora, estou ainda pelas roupas amarrotadas, pelo espírito cansado, pela vontade caída que provoquei do dia de ontem. Alguma coisa ainda não terminou. Quando? Alguém se aproxima.
           - Chefia, acorda pra vida!

Luciano Magnus de Araújo, o editor – Da série “Mundo Pequeno”

UM POEMA: A descoberta dos olhos

Vai de escuro em escuridão
palmando um jeito de forma.
Consegue ter bons momentos,
se brinca com as pálpebras em eventos,
diante a mais, talvez, luz.

Claro-escuro-escuro-claro.
Mais rápido e não vê diferença,
mas riso diante do descampado e a visão
é turva, em vez, a vença

Chove nas novenas do santo.
Cânticos para não verterem mais ilusão.
Descubra nalguma força, um poema,
veja que vastidão.
De fé, de mundo que inventa, de tudo.
Aliás, não seria demais um poema,
estante de mundo, relido, fundo,
criado, mudo, mas logo tanta oração.
Flores de relva ao prado, não.

A descoberta dos olhos
imita a vida com cega visão.

quinta-feira, setembro 09, 2010

UMA IDÉIA: As Ciências sociais e a UNIFAP: desafios complexos, caminhante

Corredor do bloco de salas C, Ciências Sociais, UNIFAP, Macapá, Amapá


O pensamento científico alimenta-se de curiosidade. Seguindo essa chamada, apresenta-se o novo desafio de fazer parte de uma instituição superior de ensino. Tornar-se funcionário público parece dar a entender à opinião pública ser parte de um cenário de benesses, algo como um mundo maravilhoso onde todos os sonhos serão realizados. É bem certo que a condição que o vinculo estabelece contempla agora maior disponibilidade para a realização do tripé de ações tipicamente reconhecidas como o metiê do profissional de educação no ensino superior público: a extensão, a pesquisa, e claro, o ensino. O engano típico é pensar que não há trabalho, doação no serviço público, aqui especificamente nos espaços das universidades públicas.
Os professores-pesquisadores (às vezes gestores) contemplam um grupo pago e apoiado para realizar naturezas diferentes de elaboração de mundos possíveis. A pesquisa empírica, o mundo das contemplações, as tecnologias, as medicinas, sem desmerecer nenhuma das abordagens e especificidades, existem para engrandecer o alcance das percepções a atuações humanas.  Mas aqui não se trata apenas de mencionar a natureza do vinculo empregatício e sua remuneração, mas a devida qualificação que repercute como elemento fundamental para se entender os trabalhos na academia.           
No mesmo caminhar, diria que a curiosidade fomenta os processos. Ao cientista social cabe realizar alguns propósitos específicos de sua formação. É profissional qualificado, devendo ser criativo diante das demandas de campo de atuação, mesmo que não sejam tão evidentes as possibilidades para certas análises e suas nuances. Alguns dizem que a academia qualifica somente para o ensino e raramente para a pesquisa e extensão. Por que isso acontece? O que está implícito como cenários ainda em formação ou mesmo naquilo que poderíamos ver as possíveis relações inter e transdisciplinares para o cientista social, em especial no Amapá?
Poderíamos dizer que muitas vezes uma tradição perpetua erros. Se o profissional de ciências sociais costuma ver somente, como futuro possível, sua atuação no campo educacional, a sala de aula, repercute, portanto, que no processo de formação não existe investimento e iniciativas para o mais. A pesquisa é uma perspectiva fundamental para o antropólogo, sociólogo ou cientista político. A pesquisa, seja teórica ou empírica, amadurece tendências, desperta a observação, incrementa intervenções, melhora as disposições colaborativas, contribui para os mais diversos diálogos institucionais, entre atores, publicações, desdobramentos outros. Quando esse espaço-tempo, o da pesquisa, é suprimido ou não realizado, esse profissional que sai da academia é carente em articulações variadas, não consegue perceber que os campos possíveis de atuação nem sempre estão feitos, mas por se fazer; e para isso muito depende certo talento para estabelecer ligações complexas diante de cenários desafiadores. O cientista social pesquisador certamente será aquele que fomenta proposições para ações extensivas a academia. É nesse ponto onde esse cientista, utilizando-se das ferramentas científicas que conseguiu reunir ao longo do seu aprendizado e mais sua sensibilidade cidadã, pode promover mudanças de cenários, sendo propositivo, debatendo, planejando, agindo.
As articulações sobre um perfil de cientista social voltado para as dinâmicas do estado do Amapá contemplam a necessidade de um curso institucional que seja empenhado e realizador de uma visão Crítico-empreendedora. É nesse sentido que o curso de ciências sociais na UNIFAP não deve ser algo a meramente realizar tal ou qual vocação estrita para o ensino, das escolas de ensino médio. Para além de vaidades pessoais e do sintomático carreirismo que se encontra em certos âmbitos do ensino (e na esfera de ensino superior público não seria diferente), é preciso que os docentes da Universidade Federal do Amapá, em geral, tenham em mente a formação dos parâmetros para a formação da mentalidade científica amapaense no presente-futuro. Esse capital humano dará a tônica dos desenvolvimentos e protagonismos futuros sobre ciência e tecnologia nas terras Tucujú.
O desafio em fazer as ciências sociais na UNIFAP algo real para o contexto local, regional e além é pessoal e estrutural, institucional e ético-moral. Há que ser mais forte que o burocratismo frustrante, mas criativo que os esquematismos indolentes, mais atento e realizador que os “bons” posicionamentos coorporativos.  Ao fim, até mesmo a capacidade de criticar àquilo que não vai bem intramuros, é algo que demonstra amadurecimento pela vivência em espaços democráticos, dialéticos e dialógicos, que não permitem pactos com mediocridades eletivas. Vamos em frente, abrimos a porta, entramos...

Respiros!!!

- Quantos oportunistas! Crescem como erva daninha! É preciso treinar o olhar!!!
- Há quem diga, e mesmo não dizendo se contradiz; há quem não faça, e mesmo assim, leva a fama!!!
- Vendo a campanha caricata de certos candidatos! Os Tiriricas da vida estão soltos!!!
- É preciso consciência no trânsito amapaense. Falar de consciência é pensar em duas possibilidades: ou dos donos de veículos nada saber sobre como dominar a máquina, e ai precisarem de qualificação; ou não querem mudar diante do cenário de acidentes, ai é má vontade e ignorância.
- Olha o valor do seu voto: não venda, não troque, não dê. Escolha com verdade que cobrará desdobramentos e acompanhamentos depois e sempre!!!

domingo, setembro 05, 2010

UMA IMAGEM: Vida palafita, Congós, Macapá







Existem equações possíveis para definir o que vem a ser a relação entre necessidade e criatividade? Muito disso, certamente, temos em vários lugares, situações, desafios. Imaginar que a criatura humana adapta seus propósitos ou situações-ambientes de acordo com seus propósitos. Habitar é uma realidade. Ocupar o espaço uma necessidade. Ou seria o oposto. Que não se diga que é algo ruim, uma maneira negativa de estar no mundo. É o que foi possível, é mais próximo. Para análises lineares demais, poderia ser visto como o circulo fechado do comodismo, da falta de rigor com a construção da própria vida. É possível. Mas, tenhamos a flexibilidade de pensar um tantinho mais naquilo que o antropólogo americano Clifford Geertz diz em seu texto A Interpretação das Culturas (LTC, Rio de Janeiro, 1989): “O homem é concebido para viver mil vidas, mas acaba escolhendo somente uma”. O motivo da escolha é o mistério de ser em sociedade. A aqui temos espaços abertos para visões várias, da filosofia, religião, antropologia, sociologia... Para quem vive na região norte do Brasil (mas não é caso exclusivo) facilmente se depara com esse tipo de criatividade na ocupação dos espaços, mas que a tal “virtude empreendedora” não seja vista como aspecto de certa vulgarização de positividades, mas é resultado do processo de ocupação do solo urbano quando faltam alternativas planejadas ou quando a necessidade sócio-econômica impera, ai é quando as invasões acontecem, a posse territorial é prática corrente nos rincões das capitais no Brasil.
Enviem sugestões de imagens para que possamos exercitar nossas imaginações. Esperamos idéias. Boas leituras.
Imagens: Luciano Magnus de Araújo. Arquivo pessoal, tiradas em 04 de setembro de 2010.

Luciano Magnus de Araújo
O editor

sexta-feira, setembro 03, 2010

UMA PROPOSTA: O lixo como fonte de renda

Macapá já foi chamada de cidade sustentável. O slogan não era realizado efetivamente. Existe uma brecha no uso das possibilidades sustentáveis tendo como uso aquilo que descartamos. Para isso é preciso um conjunto de iniciativas e uma planejamento adequado. É fundamental que os descartes urbanos, o lixo nosso de todos os dias, possa ser visto como matéria prima para geração de renda e emprego, inclusão econômica, perspectiva ambiental, educação cidadã. A mobilização dos mais diferentes atores sociais é mais que urgente.  Mas falando especificamente das iniciativas geradoras e os participantes, será preciso reunir o poder público e privado em processos planejados com perspectivas de curto, médio e longo prazos, algo realmente direcionado para mudanças de cenários tendo em vista a plena realização de conceitos como: educação ambiental, redução de resíduos sólidos, reciclagem, empoderamento, preservação, coleta seletiva, substituições, dentre outras perspectivas teóricas que devem ser plano para ações efetivas. Produzimos lixo diariamente temos matéria prima para trabalhar em várias frentes, com diferentes públicos, visando diversos propósitos em regiões diferentes da cidade de Macapá e no estado do Amapá.
Alguns pontos a serem considerados:
·    A necessidade urgente de substituição de sacolas plásticas por outros materiais;
·    A substituição de lâmpadas incandescentes por fluorescentes;
·    Usar menos papel;
·    Usar menos plástico;
·    Boicotar comércios e estabelecimentos que insistem em poluir e que não trabalham atividades e serviços sustentáveis;
·    Usar menos carros, mais transporte público. Para isso é realmente urgente que haja maior mobilização coletiva em prol de políticas públicas e privadas para o transporte coletivo de qualidade. Vejam que as mudanças passam igualmente por mudança de mentalidade e atitude;
·    Tornar-se responsável pelo outro e não somente por si, ou pelo próprio conforto;
·    Escolha de políticos comprometidos com a sociedade. É difícil isso? Pense que sua escolha responsável pelo presente-futuro define um processo político responsável. Veja a vida de forma complexa e relacional;
·    Menos gasto com água, energia, químicos;
·    Educar as crianças ambientalmente...
·    Que outras sugestões você incluiria aqui?

A lista parece ser longa. Proporcional aos danos que causamos já em tempo real, passado e presente aos espaços em que vivemos. Esses argumentos não são alarmistas e catastróficos. Pelo que já podemos ver na mudança dos ciclos de chuva, os problemas estruturais quando as chuvas acontecem, rios e mananciais poluídos, doenças que se propagam, miséria, competição desenfreada, exploração do homem pelo homem, egoísmos, desertificação, carências, consumismos, descartes em demasia.. Que outros problemas você incluiria aqui?
Vamos pensando em conjunto e agindo em conjunto. Espaço aberto para parceiras.

Alguns sites de referência:

Luciano Magnus de Araújo
O editor

UMA PERGUNTA: Sobre política e vida social

Tantas pessoas vendo o processo político como algo fadado a ser a imagem do mesmo: corrupção, facilitações, compras, vendas, mentiras, promessas, enganos, acredita que a vida em sociedade pode melhorar? Essa visão está entranhada na vida social e política brasileira? O que você pode fazer pra mudar isso? Não digo o que os outros deveriam fazer, mas você o que está fazendo de diferente?

Respostas possíveis, abaixo nos comentários ou nos contatos de email na barra ao lado. Agradecido!

O editor

quinta-feira, setembro 02, 2010

UMA HISTÓRIA: A mãe da floresta

A imaginar a novidade crescente, quem poderia acreditar que aquela natureza era mais velha que todo esse nosso tempo recente, pequeno, somando, essa multidão de vontades? Ninguém mesmo chegaria nem perto. As noticias corriam por ai. Todos queriam ver a nova descoberta. Mil anos!!! Até mais. Deus!!! O que são mil anos? Coisa de história, de livros. Vamos ver o que aconteceu em mil anos passados. Tanta coisa. Conversando assim em mesa de bar tudo parecia tão pequeno. Eles se entreolhavam e somente conseguiam sintonizar que realmente a nova descoberta era algo de Deus. O criador havia deixado uma amostra de sua eternidade. Essa criatura vasta, imaginada, simbólica. Coisas grandes assim são a demonstração da imaginação e seu alcance. A criatura humana não imagina, pensa que sim, mas somente conjectura, é outra coisa. É coisa de outra natureza. Essa deidade sim é imaginativa, guarda os tempos, guarda a força de vida. Vai além pelo propósito da permanência. E olhe nós aqui, pequeninos! A rapidez do nada vivemos. E daqui a pouco acaba nossa cerveja! Sim, mas isso é renovável em pouco tempo: garçom mais uma. E aquilo que nós vimos, Deus, aquilo é sim é problema! Imagina ai, derrubar uma criatura daquelas, morre meio mundo. Meio mundo vai abaixo. É, a vaidade humana é bem capaz de cometer esse desatino sim. E nós estamos tão perto e tão longe do milagre que vimos hoje. Verdade. Tão distante é aquilo tudo de nós. Quantos outros tiveram a permissão de chegar tão perto da história, da vida? Por isso, só por isso acredito que ela se esconda de olhos inocentes. E o que achamos que descobrimos sempre esteve lá. Imponente, livre, clara, plena. É verdade. Uma grande catedral isso sim. Um templo. Uma missão de existência! Chega mesmo a emocionar. Você viu que chorei na hora que vi? E eu, tive até medo! Só rindo mesmo. Linda criatura sem igual. Acredito até que ela seja a última fala no meio dessa enormidade toda de mata, a última a dizer: “que seja como sempre foi no tempo, escrita na terra, poesia de vento”. E assim é. Verdade. Será que um dia vão derrubar a Grandiosa? Bom nome, não sei. Tomara que não. Isso seria uma monstruosa maldade. Coisa grande, maior e ruim. E não deixo, eu não quero. Do meu pequenino tamanho não vou permitir. Faço qualquer coisa pra isso não acontecer. Inclusive com a vida? Inclusive. O que vale o mundo sem sombra, do tempo, na vida? Coisa nenhum! Apoiado. Mas sim, sabe o senhor que amanhã temos o encontro maior com essa força toda de proteção. Logo cedo as máquinas estarão cortando não somente o sossego do lugar, mas nos desafiando. E como vai ser? Será que esse povo não vai fazer nada? Será que vai ficar mesmo todo mundo calado? O fim será a queda? E cairemos todos nós. Pois é. Olha não sei, do jeito que as pessoas estão hoje, acreditando que a única saída é dar espaço ao mundo novo. Coisa que de uns séculos pra cá... Verdade, de novo nada. Sempre o mais do mesmo, a ganância. E fincados ficamos nós na nossa inutilidade. Opa, vejo que vocês estão conversadores hoje. Até parece que a vida está muito boa. Também, com tanta cerveja na cabeça. É a única saída que temos nesses nossos pobres instantes. Mas quem é que fala assim? Bebe e se solta, rapaz. Ninguém tá desrespeitando o senhor não. Nem deixaria. Gente que quer ser grande aqui só tem um futuro. A mesma medida abaixo do chão. Silêncio, e mais um gole. Melhor ir dormir, daqui a pouco será outra pernada. É. Já falamos demais sobre nada. Quem não fala transcende. Isso último ficou só no pensamento. Pagaram a conta, guardaram caminho do repouso pouco. A noite guarda suas criaturas. Logo pela manhã a noticia corria que uma morte anunciada encontrava seu personagem. Antes mesmo de começarem os trabalhos circulava que um capataz do dono das terras tinha sido encontrado no pé da grande mãe, amarrado igual Jesus na cruz, nu, e de olhos abertos. Um popular diante da multidão que viu sem surpresa a situação ainda comentou: “e esse caboclo ainda queria viver, morrer de olhos abertos, só se fosse pra matar os outros. Encontrou o dele”. Naquele dia o programado ficou para mais adiante. Mais um dia de eternidade e medo.

Luciano Magnus de Araújo – Da série “Mundo Pequeno”.

quarta-feira, setembro 01, 2010

UM POEMA: Ode aos bigodes

Fala mansa, 
Circunspecta tez febril.
Se joga os dados, soma,
vários no horizonte
do vasto senhoril.


Cercas vão ao horizonte,
novamente dito,
àqueles resultam em postos,
negrumes nos dados
sorteados ao acaso
dos propósitos construídos
na rotina da norma
do olhar onipresente
de quem mais pode ser.

sexta-feira, agosto 06, 2010

UMA IDÉIA: Com professores e professoras, PAFOR/UEAP, julho de 2010

A experiência educacional é realmente feita de trocas, de complementações. Pensar o contrário é impedir a riqueza dos diálogos, dos processos dialéticos-dialógicos, das descobertas que em parcerias acontecem no encontro de saberes e fazeres. A cada novo encontro de mentalidades que pensam seu tempo, seus desafios, suas perspectivas, renovam-se a idéia que somos ainda criaturas em construção, numa realização de propósitos sendo definidos, certamente num inacabamento sem fim. Viver é ser inacabado. E de certa forma o que somos senão pessoas num continuo processo de vir a ser, sendo...Há quem duvide disso, mas isso ainda assim é parte do mesmo caminhar...
É preciso, oportunamente, pensar a natureza desse inacabamento. Que sejamos pessoas com certa característica de criaturas passíveis de cometer erros ninguém dúvida, mas que os erros e intolerâncias não devem ser aspectos a permanecer como meio de justificar procedimentos que podem muito bem ratificar nossa condição de criaturas possuidoras da razão, afinal somos parte da espécie sapiens sapiens!
Enquanto criaturas gregárias somos fruto de um processo que não podemos esquecer: a herança, mas não qualquer herdeiro nós somos. Temos o potencial de mudança, que precisa ser cada vez mais instrumentalizado (no sentido de aperfeiçoamentos de ferramentas de mudanças no tempo-espaço), fortalecido, aprimorado, entendido. A natureza desses termos justifica nossa vida pensada em coletividades. Nosso futuro é visto pelos desdobramentos das vivências em conjunto. A política, a economia, os movimentos sociais, as lutas por espaços e reconhecimentos, a vida cotidiana, os micro e macro espaços e temas são meios para sermos e estarmos atentos e atentas ao que foi, ao que é, ao que virá. Como diria a música: “é preciso estar atento e forte”!
Mas é preciso que possamos levar essas características e talentos ao futuro, a partir do tempo de hoje. Falo tudo isso da distante-proximidade das experiências vividas com professores e professoras em mais um módulo do PAFOR, curso de pedagogia, desenvolvido em módulos, nas épocas de férias escolares para docentes das escolas dos municípios do Amapá, ocorrido na Universidade Estadual do Amapá. Estive com duas turmas trabalhando temas e provocações em sociologia da educação. Algumas abordagens postas, vislumbres postos para reflexão-ação:
• Pensando que as turmas ainda irão se reunir por mais seis edições o que os impede de construírem uma relação mais orgânica com os outros professores nas outras turmas, a imaginar o quantitativo, temos um potencial de discussão e propostas que podem mobilizar cenários, carências educacionais locais, reinvindições políticas e além, mas é preciso clareza e organização;
• A repercussão de encontros extra sala de aula, em formatos que podem lembrar os tais cafés filosóficos, ou mesmo encontros criativos de troca de experiências, tendo em vista que o vinculo dos professores permanece até o final de cada semestre imediatamente após os períodos normais das disciplinas;
• Que as turmas de professores possam, utilizando desses encontros que ainda vão se repetir por mais seis edições, reunirem-se para mapear suas realidades educacionais e pedagógicas, diagnosticando juntos, estratégias para melhoramentos dos processos educacionais, e, por que não, tendo em vista construir documentos relevantes sobre essas realidades e suas necessidades a fim de dialogarem com gestores públicos, como meios não somente de divulgação das particularidades de cada lugar, mas também como meios de pressão política, cidadã, sobre o que precisa ser mudado e aperfeiçoado em seus contextos;
• Muito foi falado, nas duas semanas de aula, sobre o aspecto da educação libertária, emancipatória, autônoma e independente, levando ao aluno perspectivas de um mundo melhor, mas será que nossos professores estão vislumbrando isso? Quem ensina nossos professores, como nossos professores aprendem ainda são questões pertinentes...;
• Há compromisso dos professores no campo político? Como isso é feito? Somente no campo político partidário? Qual a natureza dessa adesão? Precisamos pensar esses aspectos igualmente;
• Será que existe espaço somente para a dimensão da qualificação, aquilo que falamos sobre a filosofia do conhecimento, ou o que pode aproximar-se do conhecimento pelo conhecimento, numa perspectiva mais rasteira? O desafio da realização desses saberes teóricos na vida real e cotidiana devem ser motivos de constante preocupação. Aprendo para quê? Para quem? Para qual mundo possível? Esse? Outro? Vamos pensar juntos, vamos agir em coletivo!;
• É preciso superar a timidez de ser individuo, pessoa, gente atuante. E não falo aqui da atuação como algo somente no espaço das grandes tribunas, mas como requisito para mobilização de colegas da sala de aula, da escola, da vizinhança, dos amigos, conhecidos, parcerias valoras para incomodar as bases estabelecidas. Como fazer? Vamos estudar, aprender mais, possibilitar que outros aprendam, mas que possamos aprender tendo vínculos com as dimensões locais e suas especificidades, estabelecendo ligações com as dimensões mais amplas da vida.

Esses desafios, e muitos outros, foram pensados junto com os professores e professoras com quem tive o prazer de conviver no mês de julho passado. Trocando experiências, contemplando um novo mundo possível. Nesse momento estamos ainda pensando estratégias, mas a vida nos cobra ação. E isso é um compromisso urgente! Contem comigo!

Respiros!
- A política já está no ar. As campanhas começam novamente a ser parte do nosso cotidiano. Prestem atenção, não sejam bobos num cenário de espertos!
- Aconselho a leitura de “O Príncipe”, de Maquiavel. Só para saberem definir o joio do trigo em épocas atuais.
- Estou de mudança profissional. Novo desafio. Vamos ver o que vai vir. Depois de quatro anos e meio em certa posição no time, sou promovido, fico mais perto do gol! É preciso, no entanto, reaprender as novas artimanhas da bola, e de quem a chuta nesses novos campos!
- Procuro casa ou terreno pra comprar! Fincando mais raízes? Certamente. Parcerias musicais são bem vindas!
- Ouço minha querida mãe me dizendo, lá de Natal: “Que pena que vai sair de seu trabalho, meu filho!”. Ê, mãe, a roda tem que girar! Graças a todas as forças! Já era tempo!
- Boas parcerias cobram ser mais constante nas contribuições aqui no OBSERVATÓRIO AMAPÁ. Toda razão a vocês, mais disciplina Luciano!

domingo, maio 30, 2010

Conhecimento e academia das ciências: caminhos complexos caminhantes

 Construir conhecimento, saber, ser agente de processos de conhecimento é se colocar em lugares de muitas responsabilidades. Construir ciência, penso, é fazer parte de um sacerdócio, assim como ser médico, advogado, quando se fala das coisas quando se faz bem feito, ou se pretende. Em outros tempos ser professor ou educador
(condições que valem ser discutidas) era viver uma condição bem diversa de hoje. Os desafios obviamente são de natureza diversa, mas é preciso pensar a natureza do ato de construção de conhecimentos nos espaços de ensino, e aqui falo especificamente do ensino superior. Como se definem o aluno e o professor nesse processo? Que relações são construídas nas interações de construção de conhecimento? O que define as deliberações institucionais que possam influenciar certa pedagogia?  Que perfis são sustentados ou fomentados no cotidiano das instituições de ensino? O que está no conjunto de planos dos professores e alunos quando pensam em seus papéis sociais, para o presente e futuro? Os processos intra-institucionais brecam os andamentos criativos? Essas questões, além de outras, serão tratadas aqui ao longo de conversas semanais, mas por essa ocasião é relevante que possamos pensar já em alguns pontos.
            Quando o objetivo é refletir sobre a natureza daquilo que é feito nas academias de ensino superior, sejam públicas ou privadas, o que temos é um desafio amplo para o pensamento. Há certa compreensão corrente que na universidade as pessoas estão em busca de profissionalização, portanto buscando um lugar ao sol. Nenhum problema, em princípio, sobre esse ponto de vista, mas, ainda assim, é preciso levar em consideração algumas nuances do tema. Quando comparamos o ensino técnico em relação com aquilo que se faz nas universidades, no dito ensino superior, temos algumas diferenças. E certamente nesse ponto há que se destacar os propósitos que levam as pessoas a se matricularem num processo seletivo para ingresso numa universidade.  Em relação a essa escolha é preciso levar em consideração as variáveis tempo, custos, praticidade, inclusão no mercado de trabalho, além de outros aspectos mais específicos. Acredito que no momento que alguém escolhe uma universidade, um curso em específico, tenha em mente ter feito o dever de casa que é conhecer os espaços onde irá atuar, além de procurar saber das virtudes e agruras advindas de sua escolha, e mesmo a qualidade da instituição de ensino. Diferentemente do ensino técnico a universidade, como o próprio sentido da palavra pode sugerir, remonta àquilo de mais amplo e variado que fora acumulado pelo conhecimento humano e que está ali à disposição das mentes curiosas por quererem aprofundar, revelando seus talentos, aprendendo a questionar o mundo e a vida, em busca de respostas. Aqui é onde os que fazem o contexto da universidade nos permitem problematizar um campo interessante: num mundo cada vez mais fragmentado, saberes e fazeres num espaço de racionalidade também se mostram fragmentados. 
Quando escolho querer ser um advogado, um médico, um cientista social, um pedagogo, um filósofo, um enfermeiro, um historiador, devo levar em consideração que ali se constrói conhecimento de natureza teórico-prática. A natureza do desafio do aprendizado e da construção do conhecimento que irá gerar esse ato pedagógico exige que haja certo talento para encarar o mundo para além do meramente pragmático, para além do exclusivamente aparente e cotidiano. Muito do conhecimento construído na academia é de natureza abstrata, muito longe de sua aplicabilidade mais evidente, mas que serve como meios, modelos, conjecturas, matéria prima para se pensar procedimentos, realidades no sentido de construir os chamados “fatos portadores de sentido”. E por esse ponto de vista, uma das grandes dificuldades de alunos e professores é saber como dimensionar esses aspectos na rotina de seus aprendizados nas salas de aula do ensino superior. Um exemplo, seria demais discutir coisas passadas a dois mil anos? Qual a lógica que poderia nos ajudar a convencer alunos sobre a importância de se saber por que certo pensador imaginou que sem garantias mínimas para a construção de uma sociedade estaríamos numa constante luta de todos contra todos (será que ainda não estamos?), e ilustrando que esse teórico falou isso num período onde vigorava certo pensamento em favor de poderes e governos centralizadores na mão de um soberano, dando margem a uma realidade social de poucas liberdades individuais? Por que estudar isso, se isso não me alcança, na minha liberdade de pessoa do século XXI? O engano é não conseguir ver mais amplamente; vamos supor estarmos a viver uma situação bem parecida daquilo que esse autor sugerido pensou no século XVII. Por isso a idéia de universidade, ou de ensino superior para alguns, demanda integração de saberes, ampliação de sentidos numa lógica onde atualidade, história passada e constelações futuras possam ter alguma relação; que se verá complexa.
            Aquilo que se faz nas universidades, na academia (e assim podemos pensar no sentido grego para o termo) são iniciativas que pretendem promover o empoderamento de estudantes-curiosos-pesquisadores-potencias no sentido de verem o mundo não somente como resultado daquilo que está no cotidiano dos jornais, mas como desdobramentos de idéias, planos, intenções, articulações ideológicas com raízes profundas; elementos de uma agenda de máxima urgência para ser discutida. Um grande impedimento está naquilo que cega alguns de visão privilegiadas (por ser a universidade, o ensino superior, ainda, um lugar de poucos) em não verem além das distrações, e assim acham que a caverna onde estão é o único lugar do mundo. As ilusões das cavernas podem ser a repartição onde você, leitor, trabalha, sua sala de estar, sua sala de aula, seu contexto de escolhas, seus sonhos e planos de uma vida de sucesso, os aglomerados de lazer, a solidão, os individualismos, os egoísmos, certas adesões...
Certas dificuldades de se imaginar como participante ativo do conhecimento que se constrói nos espaços acadêmicos são oriundas da clara dificuldade em não se saber problematizar os processos vitais: ambientais, sociais, políticos, econômicos, passados, presentes e futuros. É preciso aprender a pensar a localidade, assim como a globalidade. É preciso aprender a ser colaborativo, e não exclusivamente competitivo. É preciso entender que redes de relação não são conjuntos que unicamente ajudam interesses egoístas, mas que nos permite juntar forças em prol de ações de maior alcance, e mais conscientes de seus desdobramentos. É preciso aprender a ler e entender o que está sendo lido como algo urgente, tendo em vista os vastos acervos à nossa disposição; daí discutirmos os motivo que tantos não conseguem nem mesmo interpretar fatos sociais que acontecem em sua própria casa ou rua. É preciso ser um cidadão para o mundo. Um cidadão se constrói nos processos de vida social, saindo de sua casa, de suas proteções que impedem viver os mais diversos espaços da vida, no seu tempo. Esse tipo de pessoa pode sim ser pensado e tocado nos espaços das academias do pensamento, mas não somente lá. De toda forma é preciso que estejamos atentos nas reflexões, mas investigando nas relações motivos para a criação de novas categorias de pensamento sem cairmos em arrogâncias, dando liberdade ao livre pensar.
Um caminho possível? Vejamos o passado, Sonhemos o futuro. Os saberes e fazeres nos ofertam belas imagens. Essa coluna pretende ser um espaço de debate aberto para pensar o futuro e o presente, nosso desafio.

Respiros!

Essa eleição em Macapá-Brasil promete, alianças sem jeito, na verdade não se vota ou coliga por hoje, mas pelas outras futuras eleições. Quem liga pra isso?
Há quem diga que ler emburrece!
É preciso ter atenção por esses processos de seleção, os observadores estão vendo que as coisas nem sempre são licitas! Tome cuidado!
Me diga uma coisa, um especialista pode avaliar o currículo de um mestre numa seleção para professor? Pode?  Ahhh, não sabia!
Há que diga que essa eleição será diferente! Muito dinheiro rolando, muitos interesses em jogo!

Dúvidas, orientações, críticas e sugestões:
Msc. Luciano Magnus de Araújo.
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