terça-feira, abril 15, 2014

DE CORAÇÃO

Leve coração,
de peso de coisas do sentimento.
Medida etérea.
Formas em conjunto 
que reunidas dá, 
como já disse outro coração 
de mesma equivalência:
"todo sentimento do mundo".

Nenhum sistema,

nenhuma variação
que não seja de gosto,
nada de mais, além da tristeza e da alegria,
às vezes  felicidade.
Além daquilo que não seja
faz desse iluminado seus dons de raiz
frondosa sombra, lugar de receber,
pedaço de tempo, pulsar de redenção.

Da condição que dá certo

é aquilo que se resguarda esse nome.
Sabendo que nos vários mundos
onde vagam sentimentos
há aqueles que passam a ser
de natureza de pedra.

segunda-feira, abril 14, 2014

Pra início de conversa...imagens...

Pra início de conversa, imagens...
Rio de Janeiro, Natal, Fevereiro, março, abril, 2014.
Respeite o crédito e autoria das fotos: Luc Araújo


Pra início de conversa...



1. A estudante, Universidade Federal do Rio de Janeiro, fevereiro, 2014


2. Lustres imponentes, Museu de Belas Artes, Rio de Janeiro, fevereiro, 2014.


3. Ponte Newton Navarro sob o Rio Pontengí e mais, Natal -RN, Março, 2014.


4. Tanta vida no sol que gira. Jardim da casa da mama. Março, 2014.


5. Fim de vida, formas (Praia da Redinha). Natal- RN, março, 2014.

domingo, abril 13, 2014

ENCONTRO COM UM ANTROPÓLOGO ITALIANO, MASSIMO CANEVACCI


O encontro ontem (11/04/2014) à noite (auditório B, UFRN) com as falas do antropólogo italiano Massimo Canevacci trouxe, revelou algumas boas inquietações. A começar pelo comentário feito pelo palestrante sobre a necessidade de uma antropologia indisciplinada em meio ao tantos racionalismos e burocratismos em voga na academia. De fato, nos últimos tempos tenho percebido e vagado em meio a uma tendência que aponta nesse sentido: certas disposições para repensar as práticas e mentalidades acadêmicas, mesmo que essa disposição ainda fique aquém, muitas vezes, do campo da ação. Parece ser a academia e a ciência contextos difíceis de serem perturbados, mesmo tendo em mente que, em definição, a ciência, e, portanto, aquilo que é o espaço acadêmico, sem contextos afeitos a dúvidas e reposicionamentos.
Ainda assim fica na visão geral a predominância de modelos, saberes e fazeres já um tanto necessários de serem balançados em suas onipresenças. Nesse caso as falas do antropólogo italiano chamam a atenção para um emaranhando de possiblidades conceituais, mesmo que bem abstratas em certos momentos, que podem municiar os que de dispõem a estar em meio ao mundo, seja pra muda-lo, seja para vivê-lo diversamente. E é pelo caminho da diversidade, da multiplicidade que envereda o pensamento do antropólogo. Por ocasião do lançamento da obra Sincrétika – explorações etnográficas sobre artes contemporâneas (2013, Stúdio Nobel), edição ampliada e renovada de obra lançada em 1996, Canevacci sinaliza caminhos tortuosos para um caminhar decidido (que ainda assim aproveita a sinuosidade da topografia nas conceituações e abordagens) a entender o que isso mesmo da experiência variegada da contemporaneidade.
Lançando mão de conceitos que propriamente se definem pela relação de mutuas fusões, é por assim dizer desafiador mediar entendimentos tendo em vista as várias referências, aplicabilidades e visões. Como bem disse o autor, sendo amante do cinema e um observador-apreciador em crise com a música, ainda sim contempla relações com esses campos.
A imagética está presente para se evidenciar, tangenciar e redefinir maneiras de pensar que não sejam estanques, mas em movimento. A medida dessa dinâmica é a desmedida, posto que seus possíveis entendimentos e absolvições se ampliam na consequência da aproximação de três grandes categorias por si só provocadoras e polissêmicas: o sincrético, o hibrido, o diaspórico, desaguando em outra categoria que não diria sintética, tendo em vista que o próprio autor em suas falas aponta o modelo dialético algo conservador sendo a síntese alguma coisa que precisa ser superada...aí chegamos a ubiquidade das coisas no mundo.
Se o mundo em volta, e o mundo interior das coisas possuidoras de vida, ou mesmo sem (nas subjetividades, ontologias e afins), apresenta-se caótico, se faz por aquilo que se pode ver nas falas do antropólogo, seguindo suas referências na arquitetura, nas sintonias de fazeres indígenas com as novas tecnologias da imagem, as artes plásticas e performáticas, na casualidade, o que temos é - sem que se chegue a síntese ou conclusão alguma - uma realidade (ou realidades, ou metarealidades, ou transrealidades) que se não consumimos inadvertidamente, nos consome deliberadamente, nos casuísmos cotidianos, na cotidianidade super, meta, plus, mesmo que nossos sentidos cheguem no máximo ao ponto da observação estuporada, ou seja, admirando do tanto que poder causar emoção, reflexão e mudança, quanto pode na experiência do viver nos deixarmos quase a ponto da morte anunciada dos sentidos que tanto sentem.
Da palestra fica, no mínimo, a inquietação do visitante que chegado a casa desconhecida, em terras estranhas, com falas estranhas, encontra-se exigido a precisar pensar, comunicar-se, construir pouso com todos em volta. E no olhar a perplexidade da descoberta de outros sentidos. O olhar e olhar mais além já se coloca como um bom começo para exercitar o pensar e pensar de novo. 

RESPIROS

- Qual a cor?
- Vai começar novo movimento da sinfonia. Pedimos atenção da audiência.
- Free as a bird!
- Vai se perdeu ou já se encontrou?
- Fica pra próxima...

quinta-feira, março 27, 2014

OS TRABALHADORES DA IMAGEM



Asseguro que o trabalho com imagens, estáticas ou não, define um ampliação das percepções. Aquele que é desse campo sabe muito bem que o mundo em volta é constante provocação, os temas são sempre motivos, estejam tanto explícitos ou escondidos, enevoados, na penumbra... A técnica e a percepção, o olhar e o equipamento são aspectos indissociáveis desse processo. Captar o mundo. Registrar seus movimentos, seus momentos é trabalho do olhar curioso, observador, as vezes passivo, as vezes no mais arredio da provocação. Não há que ter preconceitos, e se existirem, que sejam mediados pelo bom senso do momento. O momento para quem trabalha com a imagem é o tempo-espaço zero e desafiador. Assim, seguimos. Revelando os mundos!


Extratos da tese que está por vir!


TODO DIA É DIA DE VOLTA

É de saudade que é feita a vida. 
Do momento exato perdido, 
de todas as coisas passadas e presentes 
como se fosse tudo do agora. 
Mas há um jeito diferente naquilo que foi e é lembrado. 
É o toque da coisa transparente do tempo
que está alí a revirar pensamentos.

Quem disse que ter saudade não é bom?

Ruim é somente perder-se nela.
Assim chega mais perto o tempo do futuro:
de apagar a vela e se cair no escuro.