sexta-feira, abril 24, 2009

A cena institucional brasileira a serviço da cidadania, e suas desqualificações

Em meio a tantos escândalos que estamos acostumados a ver, ler, ouvir sobre nossa cena política e econômica, mais um cumpre o expediente de todos os dias, seja em Brasília ou alhures. As crônicas recentes, desde os episódios envolvendo o valente Protógenes Queiroz, o senhor D.D. (e o outro aqui em questão – está em todas), as recentes mal fadadas investidas no feudo maranhense e o governador Jackson Lago, até o mais recente evento no Supremo Tribunal Federal, temos algo de relevante à sociedade brasileira.

Esses atuais acontecimentos possuem, no mínimo, uma raiz evolutiva fundamental: chega o momento em que personagens, investidos de suas atribuições institucionais irrompem ao mesmo tempo com o ímpeto de seus incômodos pessoais, ou dão voz a boa parte da população brasileira insatisfeita com os desmandos de seus dirigentes, e certas repercussões midiáticas ou desdobramentos menos claros. Aquilo que não chega à consciência da população é aquilo que não se torna motivo de discussões nos coletivos, nos bares, nas ruas.

Os canais midiáticos hoje, seja na Internet, nas TV`s institucionais, nos observatórios vários possibilitam que a população brasileira, cada vez mais empoderada desses meios possa ver e repercutir causos, falas e procedimentos que até então eram improváveis. Podemos hoje nos atualizar, comentar e recomentar acontecimentos que tocam justamente os interesses na nação brasileira. Não há como permanecer imune aos acontecimentos; a não ser que você leitor seja parte dos próprios escândalos, como artífice, como protagonista, como felicitado por HC's. Mas quais seriam as diferenças? Quem ataca quem nesse campo simbólico de lutas de poder institucional? Quem representa quem? Vejamos. Quando o delegado Protógenes consegue “pegar no pulo” certos atentadores contra a ordem pública o que seria isto? Para alguns, ilegalidade, abuso de poder, perseguição. Quando Jackson Lago ocupa a sede do governo do Maranhão, não dando possibilidade que todo o evento de tomada do cargo público seja equacionado pela filha do senhor feudal o que seria isso? Para alguns, desvario, surpresa, abuso com a imagem do republicanismo. Quando o valente ministro Joaquim Barbosa fala por milhões de brasileiros na altura de sua representatividade (além de mostrar que negro pode dar certo) contra um senhor que se arvora a ser o paladino da jurisprudência no Brasil, que está em todos os cantos (pela mídia) e nenhum, fala a todos (pela mídia) e a ninguém (e ainda recebe condecorações como aqui em Macapá) o que seria isso? Para alguns, arroubo, incompostura, falta de decoro...

Presidente Lula, ministros, parlamentares, leitores, contentes, descontentes. No Brasil é assim, quem faz corretamente é expulso de sua colocação, é retirado do seu cargo por acordões, é posto sozinho pelo mesmo corporativismo que balbuciou o ministro Gilmar Mendes a respeito do valente Barbosa, insinuando que este agiria para grupos: a nota de reunião de todos os outros ministros em apoio a vossa excelência GM seria o que.

Mas, vamos levar em consideração que somos todos bobos, que somos todos comprados, que somos todos enganadores. Como fica nossa imagem diante daqueles que estão mais próximos de nós? Como imaginar que bem poucos se dão a boa briga, ao bom debate, a boa discussão. Esses três homens acima citados (espero que saibam de quem estou falando) conseguiram mexer um pouco mais no quadro desbotado das relações institucionais brasileiras.

Por hora acompanharmos o desenrolar de mais esse acontecimento. Sabendo que em princípio o senhor Protógenes pode até em algum momento ter sido pensado sozinho diante de tudo, ledo engano, estamos ai no apoio; ao senhor Jackson Lago, podem pesar que está isolado, ledo engano, estamos articulados com as vozes maranhenses e além; ao senhor ministro Joaquim Barbosa, sozinho? Nunca! Caríssimos, as ruas do Brasil, inquietas, estão com vocês para a boa batalha, para a boa discussão, para a boa lavagem de roupa. E olha, parece ter ainda muita sujeira debaixo desse tapete.

Contrônimos (copiado de Millôr, adorei essa chamada)

Interessante é ver deputados, senadores e afins bradando pela necessidade de conduzir seus cônjuges a Brasília. O que fazem essas pessoas além de serem gastos aos cofres públicos, ao bolso dos brasileiros. O mandado é fundamentado para exercício do titular, daquele que foi eleito e não extensivo aos familiares dos eleitos. Que a população saiba claramente como esses recursos estão sendo gastos.

O presidente Lula contemporiza o embate entre o Presidente do STF, Gilmar Mendes e o ministro Joaquim Barbosa, no sentido de resolverem suas diferenças em qualquer lugar, menos na mídia. Presidente, nada foge ao Big Brother institucional. Graças a Deus, assim sabemos mais.

Gilmar Mendes nunca sorri, sempre com aquelas faces impávidas de quem rechaça a população e o direito nacional ao limbo. Agora conseguimos vê-lo sorrir efusivamente quando o valente Joaquim Barbosa falava sobre a falta de autoridade do presidente do Supremo que desgasta, em tempo real, a imagem do judiciário: sorriso que me lembra uma criatura da fauna de algum pais.

Uma do Millôr: Todo mundo quer ser alguma coisa, alguns querem ser muita coisa, e tem os que querem ser tudo. E quando o cara não dá mesmo pra nada – veja a história – dá pra vítima. Grande vítima, que se chama mártir, e vítima medíocre, que se chama vítima do sistema.

Imagine um impeachment de Barbosa, onde vão parar as ações dessas forças escusas? De roldão querem tirar tudo e todos que ainda fazem alguma coisa de bom no Brasil. Esse é mesmo um pais impraticável, quem pratica tende a ser aquele que pede pra sair. Ainda mudamos essa prática. Queira Deus!


Dúvidas, orientações e sugestões, falar com o Professor Luciano Magnus de Araújo.Para Conversações: (96) 8117.7450

Emails de contato: LMA3@HOTMAIL.COM, lucianoaraujo3@yahoo.com.br

ORKUT: Luc Araújo

sábado, abril 18, 2009

Permanência e essência

Podemos hoje pensar um pouco mais na vida. Ou algo menos em comparação a pessoas de outras épocas. Mas se pensamos somos agentes de alguma provocação fundamental que a nós chegou como condição fundamental para a realização da vida. Mas o que permanece em nós como força e verdade? O que somos como potencial para o futuro? O que nos compete enquanto todos fazendo parte do uno que é o símbolo vital no tempo, no lugar? Somos tão frágeis enquanto condição humana, e ao mesmo tempo tão repletos (mas não plenos) de sentidos e desconexões. Somos como estivéssemos dentro de um grande lago oscilando entre tocar ou não o fundo, a terra mais abaixo de nossas possibilidades. Nesse mundo o que está em volta é somente ilusões de segurança. Parece não chegar nem peto do que seria um sentido mítico sobre as coisas da vida. Mas estamos e continuamos a hesitar entre dimensões desconhecidas; mesmo que façamos de tudo para tornar o mundo mais controlável. Mas há muito mistério, muito.

O que nós queremos realmente da vida? Poder, status, privilégios, vontade, potência, reconhecimento? Coisas tão evasivas quanto não saber-se pessoa humana. Será que esses que andam por ai nas ruas, que trabalham nas repartições, comércios e empresas, que estão nos veículos de opinião, que nos falam sobre o mundo, os donos e os despossuídos desse mundo; será que eles, nós, sabemos que somos criaturas humanas? E que o sentido de humanidade forma uma integridade moral e ética em todos os nossos dias, ao longo de nossa caminhada até os fins possíveis? Trabalhar e alcançar o sucesso, eis a questão ainda em aberto? Não se deixar passar para traz, eis o mandamento com o qual educamos nossas crianças? E nesse caso, mais preocupante são as várias estratégias que usamos para legitimarmos ou justificarmos porque é tão necessário que todos os jovens saibam plenamente “manjar” as armas da desfartez, do engano, da vaidade, do individualismo, da falta de vontade e respeito com o próximo? Onde o lugar do humano quando os homens-máquinas cortam sinais e impedem a vida de continuar seu caminho? Onde a gentileza? Onde o respeito? Onde a integridade, vizinha do moralismo descontextualizado e autoritário? Onde o valor do aprendizado para vida e não como mera instrumentalidade, que nos coloca na condição de objetos; quando usados e úteis, quando não, jogados fora, descartados dos projetos, poderes e vontades? Onde está você aprisionado em sua casa entre grandes, nos seus carros blindados de bons ares gélidos como sua falta de vontade, em seus escritórios e repartições a contabilizar nada mais que vaidade e mais-valia? Onde você encastelado em normas nada criativas? Em parceria com um poder escuso e interesseiro infringe o bom senso de todos os dias, sem se convencer que a vida é muito, mas muito mais que contas a pagar e receber? Onde o riso na face, que já não sabe mais nem se mostrar tendo em vista que a fonte do entusiasmo secou de tanta arrogância e apego a coisas sem sentido? Isso tudo que você aponta como seu mundo (material, alucinante, vaidoso) é o engano de todos os dias.

Isso não é dito de certa altura, nem por alguém isento de tudo, mas por alguém que vê com seus olhos o que fazemos minuto após minuto de nosso tempo de vida, de nosso lugar no mundo quando impedimos a chance dos outros, quando maltratamos a natureza e o próximo, quando nos acovardamos na idéia de que não fazemos diferença alguma para mudarmos velhas práticas viciadas e negativa, quando falamos demais, quando agimos de menos, quando simplesmente prometemos mentiras, quanto demarcamos posses, quando orgulhosos somos, agentes daquilo de pior no homem: sua falta de percepção por fazer parte de um conjunto, que não pensa na sua permanência e essência, gastando sua inteligência no imediato e na superfície.

Provoco os pensadores dessa terra a refletirem sobre nosso tempo e lugar, antes que seja catastroficamente tarde...

Dúvidas, orientações e sugestões, falar com o Professor Luciano Magnus de Araújo, na Faculdade Seama, ou contactar (96) 8117.7450, ou enviar mensagem. Email de contato: LMA3@HOTMAIL.COM, lucianoaraujo3@yahoo.com.br e
lmaraujo@seama.edu.br
ORKUT: Luc Araújo

quarta-feira, abril 08, 2009

Formação e transformação

É sempre positivo e necessário ressaltar que o mundo precisa de pessoas que transformem e não que permaneçam comodamente postas em suas locações. Precisamos pensar sobre esse tema cuidadosamente. Nós educadores possuímos a indiscutível missão de transformarmos pessoas para a transformação. Não há como se esquivar dessa missão, sob pena de meramente estarmos contribuindo para uma formação de uma sociedade conformista, passiva, esquiva a seus compromissos.

Transformar é ter consciência da responsabilidade, é ter aprendido interpretar o mundo, desbastar ou separar e reunir aspectos na complexidade do todo em que vivemos, e voltar ao todo. Essa, na verdade, uma postura tão divulgada nos bancos escolares; tanto que dominamos o mundo, manipulamos, modificamos esse mesmo mundo como uma experiência sem precedentes na história. E para, além disto, temos assuntos ainda não resolvidos. Limpar os excessos enganadores é nossa tarefa, saber desmistificar os discursos falaciosos, enganosos, os silogismos, as ideologias, que querem fazer passar por únicas respostas, por receitas indiscutíveis do que fazer. O que seria, portando, a possibilidade de realização dessas tarefas? É preciso atenção, a perda de rota é iminente. Não digo que seja ruim perder-se da rota eventualmente, dando lugar ao novo, a rediscussão, duvidando de nossas próprias opiniões. No entanto, o que é perigoso é sermos pessoas sem visão de mundo, sem sonhos, sem perspectivas; se é que isto pode ser possível tendo em vista que até mesmo o descaso é uma perspectiva de mundo, mesmo que turva. O perigoso alheamento de estar no mundo sem sermos atores dos eventos, dos acontecimentos, das reinvidicações, das emoções de estar no mundo, mas meramente como pessoas de segunda mão do movimento do cotidiano. Uma condição de segunda, terceira e tantas mãos, ou opiniões, que não correspondem as nossas próprias, sugestões sempre de outros, de outras fontes, de meios de comunicação, de interpretes de nossa vida, de certos falseadores...

Acordar para a vida também requer entender a dificuldade de criar novas posturas diante da vida, é nosso desafio; essas novas posturas teriam o teor de duvidarem do conforto que temos hoje em nosso cotidiano, de nossa posição social, de nossas certezas, das pessoas que nós somos. Qual o custo social, de vida, de humanidade para tudo isso acontecer? Quem não é para que eu seja? Quem deixa de viver para que eu viva, para que eu possa ir ao cinema, a universidade, ao supermercado? Quantos nunca conseguirão ser cidadãos para que eu consiga ser? Parece absurdo isso? E nesse campo chegamos ao nó do argumento: nesse caso poderíamos permitir que pessoas não sejam, não vivam, não existam como gente, cidadãos, indivíduos, para uns poucos possam ser? Nunca, essa seria a resposta sensata. Nunca deveremos permitir que outros sejam negados do seu direito a vida. Nossos sonhos devem conter a medida dos sonhos dos outros, e esse raciocínio poderia estar em extensão a outras realidades: a minha liberdade a medida da liberdade do outro, da sabedoria, da felicidade, das conquistas, dos outros, também.

Sem que cheguemos a cair em terreno igualmente falacioso, e querendo conversar com educadores e pais, façamos nosso papel em sermos agentes de pessoas que sejam formadas para transformar a vida em positividades. Não simplesmente pessoas que ocupam um lugar no mundo, mas que saibam definir medidas morais e éticas de suas ações e dos outros, sem se deixar cair no moralismo; e que tenham sempre em suas definições a ética da vida, da humanidade, do tempo que pertence a todos e cada um de nós. Precisamos pensar na responsabilidade social, mas além, na responsabilidade humana...

É preciso humanidade nesse nosso tempo de tanta contagem, e de tão pouco coração. Precisamos emocionar as pessoas trazendo, resgatando, evidenciado aquilo de melhor que possuem. A dificuldade muitas vezes de realizar tais boas ousadias está na dureza da casca que obstinadamente fortalecemos de vaidades, egoísmos, individualismo, parcialidades, indelicadezas, covardias, fraquezas, orgulhos, ressentimentos, soberba... Alguém de vocês leitores se vê nessas imagens?

As pessoas para a transformação precisam ser leves, amigáveis, solidárias, gentis, desarmadas. O mundo da vida agradece, nós leitores do mundo também. Força e luz!

Contatos: Luciano Magnus de Araújo - Antropólogo e Educador - lucianoaraujo3@yahoo.com.br lma3@hotmail.com - (96) 81177450.