quarta-feira, setembro 22, 2010

UMA PROPOSTA: Gentileza!!!!!

Mais gentileza no mundo e não haveria tanta gente infeliz. Promova isso na sua vida, seja gentil. Sorria. Seja mais leve. Consiga fazer outras pessoas sentirem-se bem. Goste de ser útil a alguém. Gentileza é doação e ação sem maiores interesses que não a construção de um mundo melhor, de parcerias. Ser gentil não é defeito nem fraqueza, é amadurecimento, sabedoria, observação e conhecimento do mundo. Ser gentil não compartilha com humor negro, com ironia, com acidez. Não há jogo na gentileza, mas sinceridade. Realize isso e verá os resultados no seu dia-a-dia!
Luciano Magnus de Araújo,
O Editor

sábado, setembro 18, 2010

UM PROBLEMA: problemas móveis...

Me digam o que pretendiam com os carros importados? Ferrari, uma Maserati, duas Mercedes e um Mini Cooper? Iriam circular nas "cuidadas" ruas de Macapá? Iriam mesmo mostrar esses "benefícios"? Se vivemos numa "ilha" de possibilidades, será que esses aprisionados iam mesmo arrancar a cem quilômetros e menos de dez segundos nas ruas de Macapá? Sem noção mesmo? 

sábado, setembro 11, 2010

UMA HISTÓRIA: No segredo da consciência

Conta-se que diante da prisão o individuo é levado a pensar sua vida. Os momentos últimos, os argumentos dos últimos tempos. Certamente deve ser assim. Aqui, distante dos olhares e comentários, histórias são contadas sobre aquele que esteve em meio. Quanto desenrolar sobre a pessoa que aqui está impedida do mundo. Guardo em mim certas lembranças, no fogo de minha consciência que urge meus argumentos. De quanto falta bem pouco ou muito para reagir às muitas vozes que pressinto e não ouço, quantas especulações sobre que fui e sou. Nem sei. O vão das horas correm iguais. E eu aqui, desse jeito, estou assim, sem chão. De quem dependo, confia em mim?  Quais caminhos de coisas escritas poderei seguir, usando a escrita da justiça dos homens. Quem serei eu diante disso? Aqui está tão calmo, quieto o lugar. Não me falam nada trancas, grandes, sentidos aprisionados. Mas não vejo paz, mesmo com essa calma de coisas contidas, não vejo paz. Falo em um tom mais comedido para que não me entenda mal. Bem compassado assim para que não me tomem pela rapidez do pensamento. Mas, perdido aqui... Solitário é o idílio, assim como é o desterro. A essa hora , plena madrugada, dorme o mundo que conheço. Há quem esteja apontando flechas para mim. Milhões de ilusões perdidas na fonte. Nada mudará por minha promessa. A imagem fica diante do absurdo que se sucedeu. A opinião de quem vale nesse cenário? Nem a minha, nem de tantos outros como eu, agora, nesse momento.  Peça da crença popular por justiça, cá estou. Um desenganado pelos próprios enganos afamados, guardados em pose de teatro trágico mundano e irretocável. Mais um pouco não seria trágico, mas comédia. E alguns se riem de mim. Pobre coitado sou eu. Nem me adianto caio com meus próprios pés. Contido pela sanha dos muitos valores que a vida nos ensina a querer ter. Coisas tão significantes que aqui, agora, nesse momento, nada valem. Assim como na vida, assim como no cadafalso. Reais suplicas ao populacho. Nada a dizer, temer tanto de mim. Do que serei capaz não sendo eterno. Será que meu professor esqueceu-se de dizer como é viver a condição de desvalido da liberdade? Que lição será essa? Qual tomo não li? Qual relatório? Dois momentos guardo na memória: aquele exato do delito, repetido, retomado, em conluio, parceiros valorosos até mesmo na alegria, na prisão; outro, a falta que enche, da angustia do desaviso. Os momentos anteriores a tudo, quando ainda há um momento de escolha. Quero não quero, até onde ir. Mas é incrível. Aprecio esse momento de enfado. Nem sono, nem vontade. Parece que o mundo para por um tempo. Tantos movimentos de apelos, movimentos que conheço muito bem, venho me preparando em meio. Coisas das artimanhas negociadas. Há que ser cuidadoso, atento, mas... Bom, não sei... Alguma coisa fugiu da realidade desses combinados. Em algum momento o coletivo operante não fez bem o que tinha que fazer. Morremos na praia. Será? Tanto planejamento para alcançar novos patamares, tanta estratégia em salas de combinação. Mas tudo, em vésperas de vitória já esperada, vários do grupo caem. Caímos por terra, vaidades no alto. Não sei. Parar pra pensar é meio constrangedor. Já está tarde na madrugada, suponho. Agora a pouco passou perto de onde estou um guardador de rebanhos revoltos. Olhou-me, nada há que ser dito. Aqui estão os que faltam ou se deixam alcançar. Onde reviver a imagens de potência de algum tempo atrás? Ah, essa consciência, sabe o que os outros especulam, procuram. É... Que estou fazendo aqui? Deus! Ajuda, senhor! As falhas cometidas são... Sei, imperdoáveis. O tanto dito aos quatro ventos diziam verdades... Deus. Fechar os olhos é dar luz a tudo, mais claras imagens. Nem durmo, ouço mais movimentos. Provável dia amanhecendo. Falas ao longe. O peso do encontro com outras consciências observando, criando juízos pelos que estão ali e me incluo. O erro, a queda, a punição, a perda da liberdade, o encarceramento. Quem de nós agora não deve estar repetindo esse exame de consciência. Alguns se garantindo liberdade e imunidade em pouco tempo, outros mais distantes de qualquer maior vaidade. Mas acusados, manchados, maculados. Esse pensamento vai longe e volta. Não há tanta calma agora. Toma força da sugestão. O caminhar é vacilante em meio ao futuro próximo. Certamente nessa manhã noticias estampam os jornais, as crônicas nos lugares públicos, o uso deliberado de tudo. Agora esses que aqui estão, nós, somos enredo para as próximas semanas, tempo que se aproxima de um tempo que afasta de mim aquilo que minha consciência me provocava a ver. O olhar para o futuro parece não ser mais tão azul, pleno. Não sei. Hoje, agora, estou ainda pelas roupas amarrotadas, pelo espírito cansado, pela vontade caída que provoquei do dia de ontem. Alguma coisa ainda não terminou. Quando? Alguém se aproxima.
           - Chefia, acorda pra vida!

Luciano Magnus de Araújo, o editor – Da série “Mundo Pequeno”

UM POEMA: A descoberta dos olhos

Vai de escuro em escuridão
palmando um jeito de forma.
Consegue ter bons momentos,
se brinca com as pálpebras em eventos,
diante a mais, talvez, luz.

Claro-escuro-escuro-claro.
Mais rápido e não vê diferença,
mas riso diante do descampado e a visão
é turva, em vez, a vença

Chove nas novenas do santo.
Cânticos para não verterem mais ilusão.
Descubra nalguma força, um poema,
veja que vastidão.
De fé, de mundo que inventa, de tudo.
Aliás, não seria demais um poema,
estante de mundo, relido, fundo,
criado, mudo, mas logo tanta oração.
Flores de relva ao prado, não.

A descoberta dos olhos
imita a vida com cega visão.

quinta-feira, setembro 09, 2010

UMA IDÉIA: As Ciências sociais e a UNIFAP: desafios complexos, caminhante

Corredor do bloco de salas C, Ciências Sociais, UNIFAP, Macapá, Amapá


O pensamento científico alimenta-se de curiosidade. Seguindo essa chamada, apresenta-se o novo desafio de fazer parte de uma instituição superior de ensino. Tornar-se funcionário público parece dar a entender à opinião pública ser parte de um cenário de benesses, algo como um mundo maravilhoso onde todos os sonhos serão realizados. É bem certo que a condição que o vinculo estabelece contempla agora maior disponibilidade para a realização do tripé de ações tipicamente reconhecidas como o metiê do profissional de educação no ensino superior público: a extensão, a pesquisa, e claro, o ensino. O engano típico é pensar que não há trabalho, doação no serviço público, aqui especificamente nos espaços das universidades públicas.
Os professores-pesquisadores (às vezes gestores) contemplam um grupo pago e apoiado para realizar naturezas diferentes de elaboração de mundos possíveis. A pesquisa empírica, o mundo das contemplações, as tecnologias, as medicinas, sem desmerecer nenhuma das abordagens e especificidades, existem para engrandecer o alcance das percepções a atuações humanas.  Mas aqui não se trata apenas de mencionar a natureza do vinculo empregatício e sua remuneração, mas a devida qualificação que repercute como elemento fundamental para se entender os trabalhos na academia.           
No mesmo caminhar, diria que a curiosidade fomenta os processos. Ao cientista social cabe realizar alguns propósitos específicos de sua formação. É profissional qualificado, devendo ser criativo diante das demandas de campo de atuação, mesmo que não sejam tão evidentes as possibilidades para certas análises e suas nuances. Alguns dizem que a academia qualifica somente para o ensino e raramente para a pesquisa e extensão. Por que isso acontece? O que está implícito como cenários ainda em formação ou mesmo naquilo que poderíamos ver as possíveis relações inter e transdisciplinares para o cientista social, em especial no Amapá?
Poderíamos dizer que muitas vezes uma tradição perpetua erros. Se o profissional de ciências sociais costuma ver somente, como futuro possível, sua atuação no campo educacional, a sala de aula, repercute, portanto, que no processo de formação não existe investimento e iniciativas para o mais. A pesquisa é uma perspectiva fundamental para o antropólogo, sociólogo ou cientista político. A pesquisa, seja teórica ou empírica, amadurece tendências, desperta a observação, incrementa intervenções, melhora as disposições colaborativas, contribui para os mais diversos diálogos institucionais, entre atores, publicações, desdobramentos outros. Quando esse espaço-tempo, o da pesquisa, é suprimido ou não realizado, esse profissional que sai da academia é carente em articulações variadas, não consegue perceber que os campos possíveis de atuação nem sempre estão feitos, mas por se fazer; e para isso muito depende certo talento para estabelecer ligações complexas diante de cenários desafiadores. O cientista social pesquisador certamente será aquele que fomenta proposições para ações extensivas a academia. É nesse ponto onde esse cientista, utilizando-se das ferramentas científicas que conseguiu reunir ao longo do seu aprendizado e mais sua sensibilidade cidadã, pode promover mudanças de cenários, sendo propositivo, debatendo, planejando, agindo.
As articulações sobre um perfil de cientista social voltado para as dinâmicas do estado do Amapá contemplam a necessidade de um curso institucional que seja empenhado e realizador de uma visão Crítico-empreendedora. É nesse sentido que o curso de ciências sociais na UNIFAP não deve ser algo a meramente realizar tal ou qual vocação estrita para o ensino, das escolas de ensino médio. Para além de vaidades pessoais e do sintomático carreirismo que se encontra em certos âmbitos do ensino (e na esfera de ensino superior público não seria diferente), é preciso que os docentes da Universidade Federal do Amapá, em geral, tenham em mente a formação dos parâmetros para a formação da mentalidade científica amapaense no presente-futuro. Esse capital humano dará a tônica dos desenvolvimentos e protagonismos futuros sobre ciência e tecnologia nas terras Tucujú.
O desafio em fazer as ciências sociais na UNIFAP algo real para o contexto local, regional e além é pessoal e estrutural, institucional e ético-moral. Há que ser mais forte que o burocratismo frustrante, mas criativo que os esquematismos indolentes, mais atento e realizador que os “bons” posicionamentos coorporativos.  Ao fim, até mesmo a capacidade de criticar àquilo que não vai bem intramuros, é algo que demonstra amadurecimento pela vivência em espaços democráticos, dialéticos e dialógicos, que não permitem pactos com mediocridades eletivas. Vamos em frente, abrimos a porta, entramos...

Respiros!!!

- Quantos oportunistas! Crescem como erva daninha! É preciso treinar o olhar!!!
- Há quem diga, e mesmo não dizendo se contradiz; há quem não faça, e mesmo assim, leva a fama!!!
- Vendo a campanha caricata de certos candidatos! Os Tiriricas da vida estão soltos!!!
- É preciso consciência no trânsito amapaense. Falar de consciência é pensar em duas possibilidades: ou dos donos de veículos nada saber sobre como dominar a máquina, e ai precisarem de qualificação; ou não querem mudar diante do cenário de acidentes, ai é má vontade e ignorância.
- Olha o valor do seu voto: não venda, não troque, não dê. Escolha com verdade que cobrará desdobramentos e acompanhamentos depois e sempre!!!

domingo, setembro 05, 2010

UMA IMAGEM: Vida palafita, Congós, Macapá







Existem equações possíveis para definir o que vem a ser a relação entre necessidade e criatividade? Muito disso, certamente, temos em vários lugares, situações, desafios. Imaginar que a criatura humana adapta seus propósitos ou situações-ambientes de acordo com seus propósitos. Habitar é uma realidade. Ocupar o espaço uma necessidade. Ou seria o oposto. Que não se diga que é algo ruim, uma maneira negativa de estar no mundo. É o que foi possível, é mais próximo. Para análises lineares demais, poderia ser visto como o circulo fechado do comodismo, da falta de rigor com a construção da própria vida. É possível. Mas, tenhamos a flexibilidade de pensar um tantinho mais naquilo que o antropólogo americano Clifford Geertz diz em seu texto A Interpretação das Culturas (LTC, Rio de Janeiro, 1989): “O homem é concebido para viver mil vidas, mas acaba escolhendo somente uma”. O motivo da escolha é o mistério de ser em sociedade. A aqui temos espaços abertos para visões várias, da filosofia, religião, antropologia, sociologia... Para quem vive na região norte do Brasil (mas não é caso exclusivo) facilmente se depara com esse tipo de criatividade na ocupação dos espaços, mas que a tal “virtude empreendedora” não seja vista como aspecto de certa vulgarização de positividades, mas é resultado do processo de ocupação do solo urbano quando faltam alternativas planejadas ou quando a necessidade sócio-econômica impera, ai é quando as invasões acontecem, a posse territorial é prática corrente nos rincões das capitais no Brasil.
Enviem sugestões de imagens para que possamos exercitar nossas imaginações. Esperamos idéias. Boas leituras.
Imagens: Luciano Magnus de Araújo. Arquivo pessoal, tiradas em 04 de setembro de 2010.

Luciano Magnus de Araújo
O editor

sexta-feira, setembro 03, 2010

UMA PROPOSTA: O lixo como fonte de renda

Macapá já foi chamada de cidade sustentável. O slogan não era realizado efetivamente. Existe uma brecha no uso das possibilidades sustentáveis tendo como uso aquilo que descartamos. Para isso é preciso um conjunto de iniciativas e uma planejamento adequado. É fundamental que os descartes urbanos, o lixo nosso de todos os dias, possa ser visto como matéria prima para geração de renda e emprego, inclusão econômica, perspectiva ambiental, educação cidadã. A mobilização dos mais diferentes atores sociais é mais que urgente.  Mas falando especificamente das iniciativas geradoras e os participantes, será preciso reunir o poder público e privado em processos planejados com perspectivas de curto, médio e longo prazos, algo realmente direcionado para mudanças de cenários tendo em vista a plena realização de conceitos como: educação ambiental, redução de resíduos sólidos, reciclagem, empoderamento, preservação, coleta seletiva, substituições, dentre outras perspectivas teóricas que devem ser plano para ações efetivas. Produzimos lixo diariamente temos matéria prima para trabalhar em várias frentes, com diferentes públicos, visando diversos propósitos em regiões diferentes da cidade de Macapá e no estado do Amapá.
Alguns pontos a serem considerados:
·    A necessidade urgente de substituição de sacolas plásticas por outros materiais;
·    A substituição de lâmpadas incandescentes por fluorescentes;
·    Usar menos papel;
·    Usar menos plástico;
·    Boicotar comércios e estabelecimentos que insistem em poluir e que não trabalham atividades e serviços sustentáveis;
·    Usar menos carros, mais transporte público. Para isso é realmente urgente que haja maior mobilização coletiva em prol de políticas públicas e privadas para o transporte coletivo de qualidade. Vejam que as mudanças passam igualmente por mudança de mentalidade e atitude;
·    Tornar-se responsável pelo outro e não somente por si, ou pelo próprio conforto;
·    Escolha de políticos comprometidos com a sociedade. É difícil isso? Pense que sua escolha responsável pelo presente-futuro define um processo político responsável. Veja a vida de forma complexa e relacional;
·    Menos gasto com água, energia, químicos;
·    Educar as crianças ambientalmente...
·    Que outras sugestões você incluiria aqui?

A lista parece ser longa. Proporcional aos danos que causamos já em tempo real, passado e presente aos espaços em que vivemos. Esses argumentos não são alarmistas e catastróficos. Pelo que já podemos ver na mudança dos ciclos de chuva, os problemas estruturais quando as chuvas acontecem, rios e mananciais poluídos, doenças que se propagam, miséria, competição desenfreada, exploração do homem pelo homem, egoísmos, desertificação, carências, consumismos, descartes em demasia.. Que outros problemas você incluiria aqui?
Vamos pensando em conjunto e agindo em conjunto. Espaço aberto para parceiras.

Alguns sites de referência:

Luciano Magnus de Araújo
O editor

UMA PERGUNTA: Sobre política e vida social

Tantas pessoas vendo o processo político como algo fadado a ser a imagem do mesmo: corrupção, facilitações, compras, vendas, mentiras, promessas, enganos, acredita que a vida em sociedade pode melhorar? Essa visão está entranhada na vida social e política brasileira? O que você pode fazer pra mudar isso? Não digo o que os outros deveriam fazer, mas você o que está fazendo de diferente?

Respostas possíveis, abaixo nos comentários ou nos contatos de email na barra ao lado. Agradecido!

O editor

quinta-feira, setembro 02, 2010

UMA HISTÓRIA: A mãe da floresta

A imaginar a novidade crescente, quem poderia acreditar que aquela natureza era mais velha que todo esse nosso tempo recente, pequeno, somando, essa multidão de vontades? Ninguém mesmo chegaria nem perto. As noticias corriam por ai. Todos queriam ver a nova descoberta. Mil anos!!! Até mais. Deus!!! O que são mil anos? Coisa de história, de livros. Vamos ver o que aconteceu em mil anos passados. Tanta coisa. Conversando assim em mesa de bar tudo parecia tão pequeno. Eles se entreolhavam e somente conseguiam sintonizar que realmente a nova descoberta era algo de Deus. O criador havia deixado uma amostra de sua eternidade. Essa criatura vasta, imaginada, simbólica. Coisas grandes assim são a demonstração da imaginação e seu alcance. A criatura humana não imagina, pensa que sim, mas somente conjectura, é outra coisa. É coisa de outra natureza. Essa deidade sim é imaginativa, guarda os tempos, guarda a força de vida. Vai além pelo propósito da permanência. E olhe nós aqui, pequeninos! A rapidez do nada vivemos. E daqui a pouco acaba nossa cerveja! Sim, mas isso é renovável em pouco tempo: garçom mais uma. E aquilo que nós vimos, Deus, aquilo é sim é problema! Imagina ai, derrubar uma criatura daquelas, morre meio mundo. Meio mundo vai abaixo. É, a vaidade humana é bem capaz de cometer esse desatino sim. E nós estamos tão perto e tão longe do milagre que vimos hoje. Verdade. Tão distante é aquilo tudo de nós. Quantos outros tiveram a permissão de chegar tão perto da história, da vida? Por isso, só por isso acredito que ela se esconda de olhos inocentes. E o que achamos que descobrimos sempre esteve lá. Imponente, livre, clara, plena. É verdade. Uma grande catedral isso sim. Um templo. Uma missão de existência! Chega mesmo a emocionar. Você viu que chorei na hora que vi? E eu, tive até medo! Só rindo mesmo. Linda criatura sem igual. Acredito até que ela seja a última fala no meio dessa enormidade toda de mata, a última a dizer: “que seja como sempre foi no tempo, escrita na terra, poesia de vento”. E assim é. Verdade. Será que um dia vão derrubar a Grandiosa? Bom nome, não sei. Tomara que não. Isso seria uma monstruosa maldade. Coisa grande, maior e ruim. E não deixo, eu não quero. Do meu pequenino tamanho não vou permitir. Faço qualquer coisa pra isso não acontecer. Inclusive com a vida? Inclusive. O que vale o mundo sem sombra, do tempo, na vida? Coisa nenhum! Apoiado. Mas sim, sabe o senhor que amanhã temos o encontro maior com essa força toda de proteção. Logo cedo as máquinas estarão cortando não somente o sossego do lugar, mas nos desafiando. E como vai ser? Será que esse povo não vai fazer nada? Será que vai ficar mesmo todo mundo calado? O fim será a queda? E cairemos todos nós. Pois é. Olha não sei, do jeito que as pessoas estão hoje, acreditando que a única saída é dar espaço ao mundo novo. Coisa que de uns séculos pra cá... Verdade, de novo nada. Sempre o mais do mesmo, a ganância. E fincados ficamos nós na nossa inutilidade. Opa, vejo que vocês estão conversadores hoje. Até parece que a vida está muito boa. Também, com tanta cerveja na cabeça. É a única saída que temos nesses nossos pobres instantes. Mas quem é que fala assim? Bebe e se solta, rapaz. Ninguém tá desrespeitando o senhor não. Nem deixaria. Gente que quer ser grande aqui só tem um futuro. A mesma medida abaixo do chão. Silêncio, e mais um gole. Melhor ir dormir, daqui a pouco será outra pernada. É. Já falamos demais sobre nada. Quem não fala transcende. Isso último ficou só no pensamento. Pagaram a conta, guardaram caminho do repouso pouco. A noite guarda suas criaturas. Logo pela manhã a noticia corria que uma morte anunciada encontrava seu personagem. Antes mesmo de começarem os trabalhos circulava que um capataz do dono das terras tinha sido encontrado no pé da grande mãe, amarrado igual Jesus na cruz, nu, e de olhos abertos. Um popular diante da multidão que viu sem surpresa a situação ainda comentou: “e esse caboclo ainda queria viver, morrer de olhos abertos, só se fosse pra matar os outros. Encontrou o dele”. Naquele dia o programado ficou para mais adiante. Mais um dia de eternidade e medo.

Luciano Magnus de Araújo – Da série “Mundo Pequeno”.

quarta-feira, setembro 01, 2010

UM POEMA: Ode aos bigodes

Fala mansa, 
Circunspecta tez febril.
Se joga os dados, soma,
vários no horizonte
do vasto senhoril.


Cercas vão ao horizonte,
novamente dito,
àqueles resultam em postos,
negrumes nos dados
sorteados ao acaso
dos propósitos construídos
na rotina da norma
do olhar onipresente
de quem mais pode ser.