domingo, maio 31, 2009

Ensinar a pensar I

Algumas questões intrigantes: aprender a pensar possui uma mesma base operacional que pensar? E alongando o hábito de perguntar. Quem sabe pensar aprendeu ou fundamentou sua conquista como forma de atuação? Ou sua atuação é efeito da própria prática do pensar?

O lugar da filosofia e demais ciências do homem como via pedagógica no ensino médio e superior direcionadas aos educadores, certamente possibilita caminhar um pouco mais na discussão. Especificamente a filosofia, enquanto prática dita difícil, pode ser aproximada do cotidiano. Essa aproximação precisa ser pensada de maneira a possibilitar aos novos praticantes, ou iniciados-iniciandos, um contexto de condições de circulação em meio a certos cenários áridos e solitários que foram gerados no horizonte filosófico, principalmente no século XX.

Ao aluno-aprendente-ensinante recai uma tarefa difícil, qual seja, a de dar conta de milênios de tradição filosófica. Ao professor-ensinante-aprendente, o caminhar apronta surpresas, avanços e retrocessos. O processo de aprendizado compreende, na filosofia (e diria mais amplamente nas Ciências Humanas), um aprendizado – se permitido usar a imagem de João Cabral de Melo Neto, da educação pela pedra – complexa, desafiador e inquietante por tantas dificuldades muitas vezes pensadas intransponíveis. Imaginar que a aparente calma do mundo a nossa volta pode ser questionada, desmistificada, se envolvida num pacote hermético, difícil, fechado, para depois ser desfeito em maior compreensão é tarefa das mais difíceis no processo educativo. Ainda assim, suponho ser necessário pensar a filosofia em nosso ser de cada dia. O próprio ato de questionar-se seria esse sinal

Mas será que o fazer pensar é um lugar exclusivo da filosofia? Aonde estaria a responsabilidade das outras disciplinas ou campos de conhecimento nesse processo de amadurecimento crítico? Aprender a pensar é um processo contido em qualquer esfera ou pretendida circunscrição do conhecimento humano. Erra quem acredita que não pensam aqueles que fazem as ciências ditas da natureza; as descobertas ou especulações mais instigantes atualmente são oriundas do mundo da física, da biologia, da matemática no pensar sobre a imprevisibilidade, das partículas subatômicas, da complexidade do campo da bioinformática. Temos, então, um mundo em processo, necessário de ser conhecido, com critério, sistematicamente, sem que imaginemos ou fortaleçamos preconceitos, discriminações, mas, sim critérios claros, críticos e operacionais, livres a abertos a criatividade...

Fazer pensar, em tese, é possibilitar certas descobertas, de certos mundos. Provavelmente os impedimentos para que isso aconteça existem em quantidade. Aos professores e educadores em geral fica o desafio de validarem as teorias, metodologias e saberes na direção da construção de um processo educativo válido e comprometido com o seu tempo passado-presente-futuro. Mas como realmente realizar esse processo educativo tendo em vista um déficit essencial de interesse, motivação e percepção da urgente necessidade do saber pensar de maneira crítica e atuante em prol da construção de uma sociedade verdadeiramente democrática e aberta? As questões se avolumam e tornam-se mais desafiadoras. Continuaremos nossas inquietações. Aconselho leitura de Morin, Baudrillard, Paulo Freire.

Respiros

E essa falta de açúcar em Macapá? Desse jeito não conseguimos adoçar a vida de tão complicada que está.

Por outro lado, coisa nem tanto doce, nem tanto surpreendente, a verba recebida pelos parlamentares para auxilio moradia? Mais uma mancha para a ficha corrida desses mandatários públicos. E o Povo Brasileiro todo santo dia sabendo-se mais alvo da esperteza de uns tantos. Ê Brasil!

Zygmunt Bauman acerta em cheio quando diz que nossa perda de inocência nos transforma nessas coisas sociais tão cheias de contradições. Ê mundo, vasto mundo!

Natal sendo sede da copa de 2014. Um sonho, um desafio, uma grande dor de cabeça, uma oportunidade, uma grande ousadia, ou tudo isso junto?

É difícil mobilizar adesões. Se eu espero das pessoas, elas estando em outro tempo, preciso saber que a visão deve ser mudada. Mas mudar é o paradoxo... Assim como ensinar-aprender a pensar...

Temos atividades novas no NEPPAC - www.neppac.blogspot.com - Participem!

Dúvidas, orientações e sugestões:

Msc. Luciano Magnus de Araújo.

Para Conversações: (96) 8117.7450

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quinta-feira, maio 14, 2009

Um parlamento Brasil-União Européia: atribuições para um presente-futuro

As relações de fronteira sempre definem temas interessantes em pautas governamentais. Nesse sentido governos de países encontram como desafios equacionarem problemáticas que tocam desde questões de trânsito entre seus cidadãos, demandas econômicas e de desenvolvimento, violência, parcerias, reconhecimentos, além de outros temas mais relacionados à cooperação em infra-estrutura e ações colaborativas de saúde, dentre outros.

As relações de fronteira ao norte do Brasil que toca o estado do Amapá, tendo a Guiana Francesa em boa parte de sua extensão geográfica, oportunizam em tempos de ponte transfronteiriça, boas reflexões. Para além, no entanto, de se falar exclusivamente dos potenciais da ponte, tema que merece atenção, devido não somente as potencialidades, mas igualmente aos impactos, é bom que se diga que uma maior dinâmica entre o Brasil e a representação da Comunidade Européia aponta amadurecimento nas instituições políticas mundiais; e certamente tangencia a importância da presença internacional do Brasil em cenários que até então era vista como algo improvável. É nesse sentido, e diante desse renovado campo geopolítico regional e de blocos além mar, que as autoridades e as populações em geral, devem estar em sintonia sobre os desdobramentos das pautas e encaminhamentos do Parlamento que trata sobre as relações Brasil e União Européia. Definindo estratégias que reflitam problemas mundiais-locais sem que se perca o foco sobre a soberania dos países.

É salutar que em meio às relações de cooperação – e assim devem ser definidos conceitualmente os próximos encontros, projetos e ações, para que não caia no erro de se demandar etnocentrismos ou protagonismos em detrimento a relações igualitárias – seja discutido qual o papel do Brasil, certamente enquanto líder regional, e os países da Europa, encabeçado pela França. Mas essas mediações precisam contemplar um claro entendimento não somente no campo político-econômico. É de fundamental importância que seja discutida em relações multilaterais a troca tecnológica, educacional, simbólica, cultural, energética. Temas tão delicados assim precisam ser destacados e refletidos no resguardo das identidades produtivas, de geração de conhecimentos e saberes, de simbolismos e práticas, de relações com mananciais naturais ou derivados.

Ao mesmo tempo a ponte entre Brasil-Guiana Francesa desponta como símbolo e materialização de iniciativas, como potencial e oportunidade para que não se repita dramas sociais de outros lugares. Sobre esse último aspecto espera-se que o Amapá não se torne um estirão de ocupações e atividades produtivas sem planejamento como a via Teresina-Belém (BR-314). É urgente que o Parlamento reflita sobre problemas reais e potenciais: prostituição, tráfico de pessoas, corrupção, as terras indígenas cortadas pela BR-156 (trafego que será superdimensionado com a ponte), os impactos ambientais e humanos.

Pensar propostas e adiantamentos sobre interesses internacionais e locais quando a região em questão é a tão discutida Amazônia é estar num campo de desafios que de alguma maneira comprometem iniciativas e resultados se não forem equacionadas alianças que levem em consideração as particularidades dos povos, suas vicissitudes, suas potencialidades. E em meio ao que está em jogo nas relações possíveis do Parlamento Brasil-União Européia-Ponte Guiana-Oiapoque, tangencia relações de fronteira, mas temas cuja importância evidencia a complexa relação entre local-regional-nacional-mundial; esferas que exigem tato e diálogo entre todos os implicados. Sem esquecermos, ponto positivo ao Deputado Federal Bala Rocha (PDT/AP) por encampar essa iniciativa. Estamos observando!


Respiros

Por que será que a África é o único continente desse nosso planeta que não possui casos de infecção da Gripe A? Ou será que não houve pesquisa sobre o continente? Ou será que há anticorpos o suficiente diante de tudo de desafiador já vivido pelo continente onde tudo começou?

Quem se lixa para políticos que não se lixam para a população? Certamente é assim que a cena política no Brasil toma dimensões de telenovela. Onde sempre queremos ver mais, e sempre sabemos o enredo e fim.

Em Macapá tudo bem melhor que as chuvas que caem em partes do nordeste. Mas há problemas. Há mortes absurdas. Os taxistas são vitimas dos oportunismos de bandidos que não sabem como ganhar a vida a não ser tirando o brilho de outras pessoas. Autoridades acordem! Segurança pública, investigação científica e qualificada!

Enquanto isso, quais as iniciativas para políticas públicas para pesquisa e tecnologia? Será que os gestores locais pensam que realmente conseguem desenvolver um estado, uma cidade, um pais, com perspectiva de médio e longo prazo sem que haja investimento nesse campo da educação? Precisamos de apoio a pesquisa como geradora de conhecimento; precisamos de apoio a tecnologia como apoio a criatividade e empreendimento. Tudo isso visando o desenvolvimento racional, sustentável, cooperativo, democrático.

Será que a tendência do ensino superior será substituir o vestibular para ingresso por uma preparação para uma prova visando saber o que o aluno aprendeu ao final? Se a resposta for positiva, teremos um processo invertido e mais uma vez a instrumentalização do ensino para um fim específico e nada sintonizado com qualificações criticas e responsáveis, que por sua vez, não privilegiam somente o aluno, mas a competência da instituição. Será que as instituições irão apertar os professores para prepararem conteúdos visando o fim já falado, ou alunos irão solicitar conteúdos que vão “cair na prova”? Estamos observando!

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domingo, maio 03, 2009

As gripes do fim do mundo

Toda vez que noticiam que há uma nova doença a assolar esse pequeno mundo, penso que será a última, e que todos iremos desaparecer. Penso também sobre os filmes de fim de mundo que estamos acostumados a ver no aconchego do nosso lar. Penso o quanto ainda não vivi tanto do que essa mesma realidade oferece e ainda pode oferecer.

Em verdade, esse nosso planeta já morreu tantas vezes, e de tantas maneiras, que somente um interessado pela história da vida e da natureza humana, de maneira obstinada, conseguirá dimensionar o quando tudo esteve por um fio. Somos uma espécie, dentre tantas outras, marcada ao fim, nem que esse fim seja algo criado e reforçado por nossos sistemas culturais simbólicos.

Mas, falando sobre coisas atuais nas crônicas jornalísticas... Há estados gripais nas noticias, e estados de resfriado, coisas que hoje em dia se deve definir muito bem, sob pena de discursos defasados. O que há de verdade, o que há de contágio (usando jargões de marketing viral, em apropriação) de pessimismos virais sobre aquilo que se lega ao povo mexicano “causador” de instabilidades divulgadas pelas instâncias de saúde mundiais? Relegamos o México a ser um lugar contagioso, intocável, e os simbolismos se ampliam. Um pais tão populoso, pondo em perigo sua vizinha nação poderosa, mas alquebrada na resenha econômica, é demais. Tudo isso ao menos é útil, diriam alguns, para desviar as atenções do mundo sobre a crise econômica, mirando uma possível pandemia, e mais uma vez achando culpados categóricos. Além disso, há sempre o perigo do primeiro mundo sentir aquilo que os outros mundos reais vivem já desde muito tempo: a falta de segurança e alternativas sobre coisas que não conseguem controlar, aquilo que toca a vida diretamente.

A história da gripe é a mostra de certo poder devastador, principalmente quando vista a época da presença histórica da ação desses agentes infecciosos. Da gripe aviária (1901, 2003), a gripe espanhola (1918) levando entre 20 e 100 milhões de pessoas, a gripe de Hong Kong (1968) vitimando 34 mil mortos somente nos Estados Unidos, e no mesmo pais em 1957-58 a gripe asiática faz sucumbir 86 mil pessoas, além de outros milhões mundo afora; sem esquecer da gripe russa (pioneira entre 1889-1890) que mata o primeiro milhão de pessoas e acontecia num tempo de ciência ainda em desenvolvimento em termos de profilaxia.

Agora o novo cenário recorre aos suínos, de dois dias prá cá, de gripe suína agora demos um novo nome: gripe A. Mas o estrago já está feito em termos do extermínio de criações de suínos mundo afora, além de uma ágil propaganda negativa. Aqueles que vivem tendo como base essa economia certamente foram pegos de surpresa. É fundamental que as denominações também sejam cuidadosamente vistas pelos cientistas sob pena de alcançarem dimensões sociais, econômicas, domésticas e profissionais de vastas e irremediáveis conseqüências.

O jornalismo televisivo, muito eficiente em propagar erros, desvios e distorções, já dá conta de registrar as falas de populares da cidade do México, dentre outras, reclamando que as autoridades mentem quando ao alcance da ação do vírus. Perde o comércio local, perde o turismo, perdem as pessoas no seu direito de ir e vir. Repito, além de ser um vírus que parece ser mais insidioso que o da gripe aviária de 2003, a gripe suína/A, ainda não possui medicamentos possíveis, para breve. E é nesse sentido que é preciso ver em maior detalhes os alcances e desdobramentos dos potenciais de tratamento, mas não somente para o corpo, igualmente para as conseqüências sociais em meio ao processo e a posteriori.

É relevante ressaltar o quanto a comunidade internacional é atingida por acontecimentos dessa natureza. Quem viaja de avião? Uma parcela da sociedade. Mas os aeroportos como não-lugares, ou como terreno internacional, deve cuidar pela saúde daqueles que circulam em suas dependências. As características do vírus definem novas modalidades de reunião, contato, convivência. Profissionais dizem: não pratiquem a velha encenação social de cumprimentos com beijos nas faces, lave bem as mãos, procurem saber onde esteve seu interlocutor. Respirar hoje pode ser um caso muito sério. As mascaras nas faces representam muito daquilo que é simbolicamente e na prática certo afastamento que já nos acostumamos a praticar em nossas relações políticas, sociais e econômicas. A sua materialização nos aeroportos e ruas de algumas cidades é somente o resultado de certa sanha de coisas que carregamos conosco, adormecidas e que em algum dia desperta, cumprindo o paradoxo de fazer adormecer nossos entes queridos ou boas parcelas daqueles que nem nos damos conta. Ao final, seja como pandemias ou em menores proporções, as doenças sempre acabam por nos igualar por baixo: a partir de nossas fraquezas evidentes, enquanto humanos, demasiadamente humanos...

Respiros

- Ainda repercute, na classe dos políticos brasilianos, o reincidente argumento de que teriam todo direito e legitimidade de lavarem suas cônjuges a Brasília em sua permanências em exercício, ou seja, em trabalho. Perguntamos todos, para quê? Insistências nessa linha da permissividade (até por parte do presidente Lula) torna-se mais um motivo feito, encontrado e fortalecido para a população brasileira sempre mais desconfiar da má fé da classe política nesse nosso Brasil varonil.

- Humor de péssimo gosto: A gripe suína bem que poderia chegar a Brasília e contaminar os espíritos de porco de lá.

- O Brasil perde um grande brasileiro, criador do Teatro do Oprimido, pensador do teatro, o grande Augusto Boal. Nosso próximo artigo será sobre essa figura irrequieta que pensou muito bem a condição humana pela perspectiva da libertação do homem a partir de suas potencialidades, vendo a todos como capazes de promover suas descobertas; o teatro, a representação, a autodescoberta eram suas armas. De oprimidos por condições gerais à autônomos e colaborativos socialmente. Sempre na perspectiva de que um mundo melhor é possível! Viva Boal!

- Para quem quer conhecer mais aquilo que está implicado nas questões entre transgênicos, multinacionais e certo agronegócio que impede a atividade de pequenos agricultores por meio do monopólio de sementes e insumos, recomendo a leitura da obra “Mundo segundo a Monsanto: da dioxina aos transgênicos uma multinacional que quer seu bem”, de Marie-Monique Robin, editora Radical Livros. A esse respeito a revista Caros Amigos (abril, 2009) publica uma instigante entrevista com a autora com o titulo Os venenos da Monsanto. Vale ler e debater.

- Acompanhem a programação para os meses de maio-junho (2009.1) das atividades do NEPPAC – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Pedagogias, Antropologias e Complexidades. Endereço eletrônico: www.neppac.blogspot.com

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