quinta-feira, setembro 03, 2009

O Projeto Rondon em Caturité, Paraíba, Brasil afora...

Pensando depois de quase um mês, estivemos na Paraíba, em vinte e quatro municípios espalhados por essa terra nordestina. De universidades e faculdades distantes ou próximas definimos mais uma edição do Projeto Rondon, agora a edição Nordeste-Sul.

Com nossa equipe maior, composta por dezesseis pessoas, encontra-se tudo que é possível na condição humana: desde interações, acordos, desacordos, brincadeiras, riso, certa reclusão, criatividade. Mas estávamos firmes desenvolvendo as atividades propostas num longo planejamento antes de estarmos aqui. Da mesma forma aconteceu com as outras equipes espalhadas pela Paraíba e por cidades do sul do Brasil. O Projeto Rondon é uma oportuna possibilidade de alunos e professores conhecerem e atuarem em municípios que definem a condição de vulnerabilidade segundo o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano. A partir da detecção de municípios que se enquadram em baixos índices de IDH, é feito uma seleção diante de vários aspectos dentre eles economia, política, sociedade, possibilidades, educação, e essa localidade é incluída como futura comunidade a ser visitada pelas equipes rondonistas. Claro que esse seria um esquema bem simplificado de toda a operação de logística que envolve todo o planejamento de mobilização das equipes para as localidades contempladas. Mas, diante de tanto esforço, desde o deslocamento das equipes de suas cidades de origem, até os primeiros reconhecimentos da localidade para onde foram alocadas, a vivência com as pessoas do lugar, tudo, é obra daquilo que é possibilitado pelo Rondon.

Somos agentes de uma ação muito bem vinda, segundo dizem os munícipes. Trazemos bons ares quando ofertamos cursos, palestras, capacitações. As pessoas nas pequenas localidades por onde passa o Projeto Rondon parecem ansiosas por atenção, querem aprender, são atentas e respeitosas sobre aquilo que está sendo dito. Em nenhum momento é possível presenciar aquela arrogância que se encontra muito na cidade quando se quer desfazer dos trabalhos do outro, recusando-se a aceitar aquilo que está sendo oferecido.

Na comunidade onde desenvolvemos nossos trabalhos, Caturité/PB, durante as duas semanas, presenciamos aquilo de desprendimento, boa vontade, sinceridade e adesão por parte da comunidade. Sem essa participação, tanto do setor público institucional, quanto dos populares, as atividades do Projeto Rondon estariam fadadas ao fracasso. As carências locais são um capítulo a parte nos reconhecimentos feitos pelas equipes rondonistas. Ainda assim, o município de Caturité foi se mostrando, dentro de seus limites estruturais, uma localidade bem administrada. É bem certo que as entrelinhas dos processos institucionais-administrativos somente podiam ser imaginadas, mas diante daquilo que nos foi oferecido, realizando o que é solicitado para que os municípios façam parte do Rondon, obtivemos da prefeitura de Caturité e de seus funcionários (que se tornaram mais amigos que meramente representantes do gestor público) tudo o que foi preciso.

As relações, os processos, os reconhecimentos, as identificações, cada coisa em seu lugar teve um capitulo valoroso sobre o que é aprender na convivência em uma comunidade. Estivemos em alguns lugares, falamos com algumas pessoas, tratamos sobre alguns temas, polêmicos ou nem tanto, mas sempre na preocupação de termos a adesão, a participação, a confiança de que estávamos ali para nos doar plenamente para os propósitos do que é o Projeto Rondon: doação, solidariedade, cidadania, responsabilidade com a sociedade.

Muitos de nós somos oriundos de contextos institucionais diferentes, uns de iniciativas privadas outros de instituições públicas, mas que em Caturité, ou qualquer outro lugar do Brasil onde se realizam as ações do Projeto Rondon, não haviam distinções evidentes, mas claramente atores que prezaram, antes de tudo, trabalharem para levar às comunidades boa parte do que conseguimos assimilar em nossos processos de formação profissional, tanto professores quanto alunos. O dizer: “uma lição de Brasil”, não é algo menor, é a mais pura realidade. Conhecemos as mais diversas realidades na medida em que nos embrenhamos nas particularidades dos mundos, das especificidades das maneiras de viver, de fazer, de ser. E ainda fazemos amizades, somos tidos como amigos, somos valorizados como pessoas de bem, isso é o que importa. Agora abrindo o mapa do Brasil não vemos somente abstração, lugares distantes ou mais perto, mas conhecemos um pouco mais disso que chamamos federação, a terra para se viver, ser, e fazer acontecer.