quinta-feira, maio 28, 2015

UM POEMA - Debaixo da ponte

Aos poucos vai se desgarrando
daquilo que antes era de importância e luta. 
Deixando de lado os planos escritos 
e desenhando sem deixar rastros
outras caminhadas. 
Soltando mãos e desejos, 
aliviando passos para nem mesmo na terra
deixar sinal de incômodo.
Aos poucos vai desaprendendo as vaidades.
Respirando de fato o ar, coisa mais importante.
Sem títulos, sem valores, sem comparativos, 
sem agendamentos, sem resquício de luxo,
somente a leveza da não promoção.
Sem esperar admirado reconhecimentos, 
nada de modéstia por não ter mais obra,
distante da angústia do tempo que 
se fazia pela necessidade de fazer necessário, 
acabando está essa rotina. 
Aos poucos começa a ser somente orgânico,
uma vida calma sem esperar nas pessoas,
em si, nas coisas, no tempo, 
é um desapego que vai ocorrendo
sem que mágoas ou sentimentos de não realização
batam a porta. 
Nem caminhar não custa sorrir,
não custa acenar carinhosamente,
não custa deixar de opinar para todos os cantos
aquilo que se ignora na fonte.
Aos poucos esse rio está correndo...

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