Folias de momo idas, nas oficialidades
extraoficiais: ano iniciado. Tempo de organizar as finanças e tocar a vida no
melhor ritmo possível. Questões urgentes e redivivas: como está a vida na
cidade? Síntese e definição, a cidade recorrente em historicidades e
potencialidades, atualizações e ineditismos. De desventuras ou-em (a)venturas,
viver na cidade compõe, muitas vezes, um
misto de adaptabilidade, criação e estranhamento. O cidadão urbano, como quase
um pleonasmo, não o é impunemente.
O ser urbano imprime características,
opera manias, é na mesma medida em que deixa de ser como maneira de corrigir-marcar
novos passos na cena urbana. Contradições postas, esse individuo urbano compõe
histórias individuais e coletivas. Misturam-se nas identicidades de quem vive a
urbe ao menos duas condições: a
presença e a descontinuidade.
Presentificamos o ser corpóreo,
material, que ocupa, que denigre, que coloca sua presença nos espaços, nas
potencialidades e criações, para o bem ou nem tanto. Essa mesma criatura que sabe
de si e dos outros na geral normalidade dos seres viventes em coletividade. E
assim seguimos... A presença pode por vezes dar o ensejo de rotinas cujos
desdobramentos se esvaem por entre os dedos de seus próprios produtores. Nisso
temos o lixo de casa que polui a cidade, as violências que saem e adentram os
espaços domésticos e públicos, os mal-entendidos dos interesses políticos
individuais e coletivos; nossas ausências de corpo presente e mente ativa
quando as situações assim nos exigem. A presença repercute outra parte que
quase se-nos confunde: nem sempre somos lineares, nem sempre somos harmônicos,
nem sempre somos coerentes com enredos horizontais, nem sempre o dito revela
toda a verdade...
A descontinuidade e o individuo urbano
são pontos mais sensíveis do processo de vida coletiva. Construímos processos descontínuos
quando colaboramos-agimos para rupturas, desconstruções, cortes, dentre outros
sinônimos processuais. As desconstruções nem sempre são demandas unanimes, elas
igualmente servem para fundar normas operacionais sobre como reconhecemos
limites na vida, no tempo, feito balizas e demarcações que podem nos auxiliar
nas identificações históricas, sociais, coletivas, individuais. Uma
descontinuidade pode ser um desacordo, discordâncias, incômodos. Essas atuações
podem ser aprendidas. A vida social pode ser pedagógica nesse contexto, nas
participações, sendo o individuo atendo ao que se desdobra a sua volta. Não
sendo esse individuo algo passivo nas continuidades presenciais, sendo mais na
conta das tantas operações que o situa como distante do seu protagonismo na
vida social, na cultura, na história, a própria história individual ou
coletiva.
A
cidade é o cenário complexo para esses temas. As lutas cotidianas, visíveis e
invisibilizadas dão conta de dramas, vitórias e derrotas inspiradoras para que
o indivíduo urbano possa aprender a construir sua presença de maneiras
múltiplas. Parece que o único comportamento que se pede é a potencialidade de
uma personalidade plástica, moldável aos desafios da urbanidade. Ainda assim,
essa caraterística não deve ser argumento para práticas nocivas, perniciosas,
envenenadoras da-na vida cotidiana. É salutar pensar no lado bom da vida e
colaborar para que isso aconteça. Esse lado bom é igualmente complexo, viver o
bom da cidade é saber o que é bom como requisito de responsabilidades, lutas e
consciências.
Ser cidadão é uma identificação que
igualmente passa por uma assimilação real de ser parte de algo que se busca uma
relação orgânica. A natureza dessa relação é viver seus problemas, suas
possibilidades criativas, decidindo, pensando, reclamando, sendo sem meios
termos. Viver a cidade é ter respeito e cuidados sobre absolutamente tudo que
faça parte desse cenário, na clareza da responsabilidade de tudo que o ocorre
como algo compartilhado. A grande rede de relações e símbolos é aquilo que faz nossos
trânsitos nos contextos urbanos, ninguém é uma ilha nesse grande cenário...
Respiros
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Como anda a produção cultural urbana?
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Tenho sempre a compreensão do que me chega como verdade?
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Professor, professora, como estão seus estudos continuados? Parados? ...
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Você conhece as bases daquilo que apoia?
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Agora é ordem unida nas salas de aula?
Luciano Magnus
de Araújo
Antropólogo
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