Debater
é se empoderar, fazer parte nos conjuntos das proposições, destacando as
incoerências ou sucessos. É preciso não ser alheio ao tempo histórico que
vivemos. Essa característica do tempo histórico define-se por a todo tempo
estarmos a travar relações que se perpetuam, influenciando, contemplando outras
perspectivas, fortalecendo posicionamentos, tendências, ideias, práticas. Ou
mesmo fortalecendo cenários distorcidos, excludentes, desiguais, mascaradores
da verdade. Não há espaço, repito, para alheamentos. Nenhuma tomada de posição
é neutra, nunca foi, nunca será, seja de indivíduos, coletivos, instituições,
gestores. Refletir sempre é tomar partido, mas a falta da reflexão igualmente
pode ser algo de graves consequências. Nesse vasto cenário de possibilidades,
problemas postos...
Como
está nossa escola? Conhecemos esses espaços de construção de conhecimentos, não
o único? Conhecemos, de fato, a escola onde estudam as gerações que compõe uma
sociedade presente-vindoura? Sabemos dos modelos de gestão atualmente
desenvolvidos? Procuramos saber o que falta na escola, inclusive em nossos
alheamentos e ausência, enquanto pais e responsáveis e alunos? Sabemos quem são
os gestores de nossas escolas? Como pensam? Conhecemos nossos professores, no
que acreditam, o que constroem e como lutam o cotidiano educacional? Sabemos
nós das realidades que rodeiam as escolas? Identificamos nossos alunos, suas
necessidades e particularidades? A forma como vemos a escola reflete nosso
modelo social? O que esperamos da escola hoje? O que a escola pode esperar de
nós? Como queremos educar? Procuramos entender sobre as relações de poder no
espaço escolar? As relações da escola com seu entorno? A sala de aula e suas
especificidades? D o modelo pedagógico, sabemos algo?
As
questões em profusão não devem cansar. Elas são urgentes, tendo em vista que
devem ser guias para se pensar a escola em sua presença de fato, não como aparato
invisível, nem como espaço onde deixamos pessoas ou para onde pessoas vão sem
que tenhamos nossas responsabilidades. A escola precisa ser pensada, vivida
como um elemento orgânico e também complexo em meio a vida coletiva, seja
urbana ou rural. A escola como um espaço dinâmico, atraente, aberto,
sintonizado com seu tempo, empoderadora, criativa.
Mas
para isso acontecer, termos uma visão mais clara sobre que lugar de
aprendizados queremos, é preciso ter conhecimentos sobre modelos de gestão,
modelos pedagógicos, maneiras de se construir saberes, rotinas, cuidados com as
pessoas, com o presente e com o futuro. Essas escolhas não devem ser feitas
tendo como mediação a desesperança do tempo presente, nem mesmo levando-se em
consideração modelos salvadores de eventuais e rotineiros desacordos na vida social.
A escola deve ser pensada em relação ao que está a sua volta, sem que sobre ela
recaia a responsabilidade de resolver o que outras instituições (família, comunidade,
poderes públicos, associações, coletivos vários) se eximem em participar.
Nesse
contexto, propostas existem como modelos, que exigirão das equipes escolares,
comunidades, discentes, sociedade, esclarecimentos conscientes do que se quer
na valorosa relação entre presente-futuro. Nisso podemos listar maneiras de se
entender o que pode ser essa escola, para citar algumas: Escola tradicional, Escola
democrática, Escola de tempo integral, Escola militar, Escola da Ponte, Modelo
Summerhill, Escola construtivista, Escola técnica, Escola crítica, Escola Pós-critica...
Esses modelos e tantos outros
possíveis definem encaminhamentos, historicidades, e muitas vezes indícios que
podem remontar panaceias ao que pode dar certo, como último recurso diante de
um contexto já de poucas evidências de sucesso. Por outro lado, sair de uma
forma para outra não garante esse último patamar. A escolha passa por uma
reflexão cuidadosa. Será que e escola dever ser um laboratório social, será que
é isso? Como micro-espaço de atuações a escola, a sala de aula, sua rotina,
cumprem demonstrações sensíveis do que está fora do seu contorno. E muitas
vezes percebemos a falta de comunicação estre essas duas instâncias. É preciso
acompanhar os processos, ser parte, emporar-se do que constitui os espaços
escolares. Fazer-ser um sujeito social não é tarefa de um lugar, não se faz de
uma forma, não é desdobramento de uma receita. Somos o resultado de escolhas
várias, de problemas diversos, de desafios sem fim enquanto vida existir e até
para além dela... Talvez a única variável fundamental que precisa ser deixada
claramente à mesa deva ser a liberdade. Estamos construindo processos
libertários? Emancipadores?
Ser livre é conhecer-se. Sendo assim
apto a conhecer o mundo. Essa autonomia não segue modelos, receitas, padrões,
mas é fruto da vivência, do diálogo, do debate, das participações, dos
protagonismos, dos erros, dos acertos. Devemos cuidar da esperança com quem
cuida do sono noturno: em confiança, vigília, mas sonhadores das
particularidades que o sonho pode trazer... Os indivíduos são demonstrações de
pulsões e contradições que precisam de liberdade para serem plenamente. O ambiente
e seus ocupantes seriam sujeitos gentis agindo no sentido de respeitar,
entender, assimilar as individualidades e suas historicidades.
Temos responsabilidades e o tempo
repercute nossas escolhas, estejamos atentos, a escola merece e exige o nosso
melhor.
Respiros:
- A rua tem sua
pedagogia, democrática, política;
- Professores e
professoras, suas demandas são legítimas!
- 15 de março: Dia
da Escola!
- Quem educa quem?
- Mantra: Meu educar
é um ato político.
Artigo publicado originalmente no Jornal A Gazeta, de Macapá, Amapá, em 19/03/2017, na Coluna Observatório.
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