Teremos sempre um melhor caminhar quando
livros estiverem entre nós! Desenvolver
o práticas de leitura é um dos prazeres potencialmente mais reveladores e ao
mesmo tempo perigosos (O que me diz?): diga-me o que lê e conhecerei quem és!
O
que você anda lendo atualmente? Que livros tem sensibilizado seu pensar? O que
nesses livros pode ser destacado como fundamento para reflexões que possam dar
outros ares e possibilidades a suas sociabilidades? Pensar e questionar, ler e
comunicar-se com outras maneiras de entender os mundos possíveis. Mas o que
ler? Desenvolver critérios de escolha do que bem ler é um aprendizado, um
letramento, uma forma de separar o que merece atenção, como fontes importantes de
formação e informação, daquilo que é fruto mercadológico, moda, leituras de
superfície.
Com
formatos materiais e digitais a leitura torna-se mais acessível. Seja de forma
paga ou gratuita existem fontes e indicações para todos os gostos. Esse é ponto
importante, é preciso lapidar os gostos de leitura, selecionar, qualificar
leitores. Os processos de leitura não devem ser mecânicos, abusivos,
compulsórios, chatos. Precisamos criar leitores que sintam prazer no ato de
ler, que sejam críticos, que sejam independentes para escolher, exigentes com o
que se oferece, leitores amantes de livrarias de boa qualidade e bibliotecas de
igual natureza. Diante disso, algumas indicações...
Susan Sontag: Entrevista completa para
Revista Rolling Stone por Jonathan Cott, editora Autêntica (2015). Famosa por suas opiniões a ativismo
político, Susan Sontag, encarna posicionamentos polêmicos, atuações e produções
em campos os mais diversos. É uma dessas pensadoras que definiram maneiras de
pensar. Escritora e critica de arte deixou atuais reflexões: Sobre Fotografia, obra de 1977; Doença como metáfora, de 1978; AIDS e suas metáforas, de 1988,
para apontar algumas obras cujo teor aponta possibilidades. A doença é tema
recorrente em sua reflexão, a escritora morreu em 2004 em decorrência de
leucemia. O tema é, portanto, um contexto de reflexão em sua prosa, algo entre
o estético, o filosófico e o iconoclasta. Nessa longa entrevista dada à revista
Rolling Stone (ocorrida no ano de 1978 e publicada, em parte, em outubro
de 1979), Sontag desvenda caminhos sobre o pensar. O entrevistador Jonathan
Cott é arguto, consegue extrair preciosidades de Sontag. Quando questionada
sobre o espirito do pensamento dos anos setenta, por exemplo, a escritora diz:
“Acredito que o mundo deveria ser um lugar seguro para as pessoas marginais.
Uma das principais coisas que deveria definir uma sociedade é permitir que as
pessoas sejam marginais(...) Mas em vez de nos tornarmos cada vez mais
burocráticos, padronizados, opressivos e autoritários, por que não permitimos
que mais e mais pessoas sejam livres”. Os temas se sucedem em ritmo e
profundidade, é um livro pra se ler com paciência e reflexão. Com o formato de
entrevista, não se deve confundir, no entanto, a coloquialidade com falta de
apuro nas falas. É um texto de horas de bom debate e referências. Para quem é
afinado em contextos e pensamentos, e boas conversas, segue indicação.
Fantoches/ Outros contos, de Erico Verissimo (Editora Globo,
1972). Quando tem outro gosto ler os livros da
biblioteca dos outros. Sobre o autor dessa obra, figura consagrada, o que
dizer? Quem não leu, precisa ler! Esse é o primeiro livro de Verissimo,
publicado em 1932. O curioso nessa edição é que o primeiro texto, Fantoches,
compõe uma série de textos menores, em geral com formato de diálogos teatrais
onde em revisão o próprio autor fez comentários manuscritos, ou feito à máquina
de escrever, ao lado do texto original, com desenhos e inclusões onde brinca com
sua própria produção. Esse brincar é acerto de contas jocoso, um sarro que tira
de certas passagens e pontos que faz o leitor acompanhar o que foi o
amadurecimento de uma mente criativa. Essa obra faz parte de uma coleção com a
produção literária de Verissimo. Minha meta é chegar ao menos a metade da
leitura até o final do ano. Alguns livros já foram lidos. Fiz uma aposta com a
dona da coleção. Querida Márcia Melém, será que conseguiremos? Beber de outras
fontes e bibliotecas é fundamental...
Jimi Hendrix, as histórias por trás de
cada canção, de David Stubbs (Editora Madras, 2014). Seguindo uma
orientação editorial de comentar a produção musical de grandes criadores esta
obra explora canções do grande guitarrista. É desses livros que sugiro ler
ouvindo as canções, observandos-ouvindo-percebendo-vendo as nuances e contextos
referidos. As influências, ambientes e temas são discutidos valorosamente. Para
quem aprecia essa musicalidade é uma bela obra de referência. Segue com belas
ilustrações. Em tempos digitais não é nada difícil encontrar a obra de Hendrix e
fazer assim uma leitura-audição em complemento.
Sublime Expiação, Divaldo Franco pelo
Espírito Victor Hugo (Editora FEB, 2010).
No
vasto e valoroso campo das obras psicografadas esta compreende um belo registro
da mentalidade do além-túmulo a partir do espírito de Victor Hugo. Enquanto encarando
Hugo construiu incomparável obra com títulos como Os miseráveis (1862), Os
trabalhadores do mar (1866), Torquemada
(1882) para citar algumas. No presente livro temos mais um romance real de
vidas que compuseram dramas terrenos. E como bem aponta Hugo em carta
igualmente psicografa, datada de 1973: “vidas são experiências que se
aglutinam, formando páginas de realidade. Lições que compõem romances, novelas,
tragédias, merecem recontadas, qual manancial de aquisição simples, para edificar
outras existências na ramagem terrena, que representa elevada concessão divina
para o milagre transcendente da evolução”. Muitas vezes por meio da doença
conhecemos os processos de melhoramento e evolução, na maioria das vezes não
entendemos porque somos acometidos por males físicos. O personagem principal
dessa obra, Lucien, tendo que conviver com Hanseníase, acaba por aprender
duramente os benefícios da expiação para o caminho do melhoramento... Leitura
edificante, recomendo.
Respiros:
- Mataram a CLT?
- Hoje
é dia do Cacau! Lembra...
- Cuide
ao menos de um bichinho, cuide de plantas, cultive o amor.
- Não
deixe o tempo e o dinheiro serem seus senhores.
-
Já praticou sua caridade do dia? Desinteressadamente, não esqueça!
Artigo originalmente publicado no jornal A Gazeta, em Macapá, Amapá, no caderno Camarim, em 26 de março de 2017.
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