domingo, abril 04, 2021

Atuações, profissões e desafios nos gargalos da pandemia

 


     Não é de hoje que observamos, por conta da pandemia, os mais diversos dramas decorrentes de um tempo de desafios. De perto ou mais distante o que ilustra, figura, protagoniza, grita em seus lugares de vivência, torna explicito o que ainda nos surpreende e atinge a todos, de alguma forma, indistintamente. Nesse sentido, não custa um tanto mais de reflexão, ainda porque temos nesses cenários diversos, trazidos e transformados pelo Covid-19, processos já aprendidos e apreendidos, mas ainda muitas dúvidas e inconsistências.

     Todos precisamos ganhar a vida, obviedade. O trabalho, o sustento, a economia micro, pequena, média, grande, nos exige trânsitos e estratégias, e vale refletir sobre como entendemos as maneiras que profissionais e trabalhadores constituem suas atividades em nosso tempo mais que preocupante. Nesse quesito certamente é preciso não perder de vista a qualidade do trabalho (quando ainda há trabalho), do vinculo, da atividade, da atuação geradora dos meios necessários para viver ou sobreviver. Nessa condição, da existência da possibilidade de se organizar a vida tendo, também, a exigência de se cumprir uma jornada de trabalho, devemos falar, por exemplo, da realidade remota dessas atividades e suas implicações e desdobramentos; das profissões da grande impacto de stress; da informalidade e seus movimentos; da precarização e suas perversidades e sutilezas. Todos esses contextos recortados pelas pressões psicológicas diárias são realidades que mais ou menos temos alguma relação ou proximidade.

     Tivemos que aprender a trabalhar à distância, e aqui é preciso tratar do grande grupo, que incluído nas cifras da empregabilidade, conseguem, ou estão tentando, cumprir produtividade, prazos, motivação, função social. E aqui é preciso insistir sobre o grupo dos que somam as fileiras que possuem o privilégio de uma fonte de renda, com contrato de trabalho ou carteira assinada, que garanta a manutenção da vida, que podem assumir o tão solicitado mantra de ficar em casa e se cuidar.

     Hoje, para citar algumas atividades, profissionais da educação, certos serviços burocráticos, sejam públicos ou privados precisaram organizar-se em meio a modalidades de trabalho remoto no então espaço privado do lar. A casa já não é o lugar onde se pode desligar das relações e rotinas impessoais dos ambientes de trabalho. O lar tornou-se extensão da empresa, da repartição, da sala de aula, com tantos arranjos dos espaços de trabalho que a pandemia exigiu ser modificada e resignificada. E é nesse ponto que temos problemas já sendo vivenciados e em potencial. A exigência de aprender a ser e estar no mundo digital, condição do trabalho remoto, demanda novas competências e condições estruturais. Saber conviver com plataformas e rotinas entre sincronias a assincronias, ou seja, atividades presenciais ou não, leva a outras temporalidades nos cenários domésticos. O email ou mensagem que se recebe fora de hora (que hora é fora de hora atualmente?), retorno de dúvidas e esclarecimentos; o comércio que por meio das redes sociais não deixa descansar quem protagoniza o tão propagado chão do empreendedorismo cheio de contradições.  Desafios no nosso tempo em desdobramento e campo farto para análises e estudos.

     O trabalho de quem está nas linhas de frente nos contextos da saúde é angustiante, nos chega de maneira profusa noticias dessa realidade. Adoecemos somente em nos atualizarmos sobre os tantos e tantos casos de infecção e morte diariamente, imagine viver esses eventos de perto, no protagonismo de plantões de pleno cansaço e muitas vezes impotência. As condições estruturais, as carências locais e regionais, os negacionismos e irresponsabilidades são forças que competem com o trabalho abnegado dos coletivos de profissionais da saúde. E desses, muitos estão doentes, não necessariamente pelo vírus, mas pela sobrecarga de trabalho, em grande parte decorrente da falta de consciente adesão da população brasileira em não subestimar o alcance da doença. Nesse caso, são várias lutas sendo travadas ao mesmo tempo. Nem por isso gestores públicos, em várias instâncias, colaboram positivamente. Muitas vezes são decisivos em atuar para que o vírus tenha uma robusta ajuda em sua severa atuação. Assim estamos em desvantagem.

     Trabalhadores sem vinculo formal e precarizados não estão distantes de viverem e testemunharem condições insalubres. Um contingente vasto da população brasileira está, de alguma maneira, protagonizando o desafio de criar estratégias de sobrevivência. A falta de segurança de uma fonte de renda repercute por meio de comércio fechado, cidades sem atividades comerciais, ruas paralisadas ou em ensaios muitas vezes revelando desastradas decisões. Ainda que seja preciso parar para conter o avanço da doença. Ainda que sem renda, como manter o mínimo indispensável para viver? A encruzilhada está posta.

     Aliado a esse conjunto de problemas e ainda fazendo referência a perda do poder aquisitivo pela ausência de renda, some-se um conjunto de politicas públicas ineficientes, quando muito paliativos em meio a lutas justas, por um lado, e má vontade, por outro. Os auxílios governamentais mostraram uma sociedade brasileira invisibilizada, mas ao mesmo tempo deixou claro que, em situação de calamidade econômica e sanitária, para uma considerável parcela da população e para pequenos e micro comerciantes, sem a ajuda de um governo afinado com os desafios de nosso momento, não há tranquilidade num cenário próximo.

     Não é somente tratar de números (seja de contaminados, óbitos, desempregados, desassistidos), mas é preciso levar em consideração que as ideias que circulam podem ser tão nocivas quanto o vírus onipresente. Estamos aprendendo a lidar com formas diferentes de sociabilidade. O momento e lugar da vida privada já é outro. A experiência de trabalho agudizou cenários com outras precarizações que revelam as tecnologias como meio controversos. As relações, aproximações, reuniões, o estar em meio, seja na casa ou na rua, certamente nunca mais será uma experiência que não inclua algum dos elementos que estão hoje em nosso imaginário: distância, máscara, contágio, negação, vírus, morte e vida. E ainda estamos aprendendo a duras penas.

Respiros

- Nos grupos em redes sociais observamos movimentos de conversações, incômodos,     estratégias e saídas reveladoras;

- Há um silêncio na vizinhança, nunca mais se ouviu música em altos volumes. Parece que vigora um respeito tácito. Ou será tristeza diante dos números diários;

- A casa é um mundo, encontramos multidões e faltas;

- Precisamos de vacinas!;

- Um exercício de escrita é retomado;

- Saudades da senhora, Vovó Lagoa: 04/04/1924!;

 - O corpo ainda é pouco. 


Fonte da imagem: https://www.thinkwithgoogle.com/intl/pt-br/futuro-do-marketing/eficiencia-criativa/4-dicas-para-manter-produtividade-no-home-office/


terça-feira, abril 18, 2017

Os seguidores do quê escondido

           
Admiramos, olhamos de perto-longe, fazemos torcida, somos fãs e tudo o mais que possa fazer peso no fato de seguirmos as pessoas, suas ideias e manias. E quando o mundo interior transparece? Quando conhecemos quem é a pessoa que tanto nos causou disposições de seguir cegamente, o que vem em questão?
              Seguir é o apanágio contemporâneo. Seguir, por que não seguir, o mantra. No intrincado das coisas possíveis, hoje, bem pouco apelo é preciso para se tornar um eleito pela multidão. Algumas características podem ser trabalhadas nesse quesito de atração.
   Pode-se ter uma aura acadêmica e desenvolver argumentos e ideias que o vulgo não compreende lá muito bem, mas que caem de maneira desconcertantemente bem audível, mesmo que não explique muito, mas é coisa de gente sabida, portanto, coisa a ser seguida. Ideia-pedra, que se admira como coisa-ídolo.
              Pode-se lançar mão de recursos comunicacionais. Escrever, ser da televisão, do rádio, do cinema, da internet, essas coisas-meios que provocam exposição e, logo de anônimo, tornar-se alguém que opina para o grande e vasto público que segue, replica, comenta, que é fiel. Fidelidade atualizada por força da postagem cotidiana, feita para renovar tendências, disposições, comentários, novas postagens. O individuo perde até sua característica mais essencial, deixa de ser-se para ser visto como o seguidor de... torna-se grife à sua revelia, será mesmo?
            Pode-se tornar aquele seguidor das máximas politicas úteis de momento. Nada muito refletido, mas de profundidade instantânea. Faça o teste. Observe por ai sobre o que e como se escreve a respeito da politica mais televisiva do momento. Verá que interpretes do cotidiano surgem aos montes e são cada vez mais eficientes em suas articulações de visibilidade.
            Pode-se lançar livros de autoajuda. Filão de muito prestígio, tendo em vista que muitas vezes esses personagens-autores podem figurar em meio diferentes para divulgar suas ideias-obras, na tv, nas redes sociais... E os efeitos são semelhantes: serem cifras, gerar milhões de seguidores, que nem sempre terão lido ou saberão de fato o que fez tal pessoa-número para gerar tanta repercussão.
            Pode-se tornar pessoa instantânea por meio de algum talento descoberto pelos olheiros que por ai estão a buscar novas atrações nos espaços de horários nobres que atrai multidões com outros produtos agregados. De toda forma, variações do mesmo tema.
            Como conviver nesse mundo de ilusões? Iludindo-se ou traçando um caminhar diverso?
            Provocação feita...

*  *
            Num segundo tempo de partida rica em percalços, irrompe um grito confundível com revolta ou mesmo coisa que o valha.
            - De que vale a torcida, se a partida está vendida?
            Quem ouviu não deu muito crédito. Lá no campo estavam dois mundos em luta. Antes o que era parte fundamental maior do que era a província e hoje a província emancipada, representada em seus times. Jogo caro para o simples mortal. Quem pagaria cem dinheiros para ver essa contenda? Alguns poucos para dizerem que estavam lá.
            Partida reiniciada e na bolsa de apostas estatísticas tendiam para os de casa. Grandes em tudo. Mas em nesse tudo vasto, quem viver verá, sempre. Vitória dos visitantes. Coisa mais sem jeito. Como pode ser? Na saída do estádio teve torcedor que ganhou ingresso que disse:
            - Esse foi o jogo que mais valeu a pena pagar pra ver. Com dinheiro dos outros, é claro...
              Placar final...
*  *  *
              Escondidos estão os sentidos dos eventos dos dias. A verdade é uma estratégia de autoengano, dizem. Naquilo que construímos em nosso tempo comum, vida urbana, privacidades, exposições, campesino viver, naquilo que são os propósitos que nos fazem ser. Fortalecemos certas maneiras, opiniões que nem sempre somos nós. Mas por conveniência das relações nos tornamos. Diante disso, o que está lá, guardado, coisa de tempos? O que está lá?
               No exercício da escrita qualquer mistério é terra preciosa. Seus segredos interessam como forma de imaginação de outros mais. Pensar os enredos escondidos de outras vidas. Pensar os resguardos de sociedades.
               Que capacidade tamanha essa de estar em outras vidas por meio de observação e escrita. Um exercício de vivências nada fácil, mas que não tira a vontade de estar sempre em atuação...

*  *  *  *

            As relações amorosas são desafiadoras hoje. Tenho muitas pessoas vivendo coisas afetivas que mereceriam ao menos um conto. Gente casada, gente que quer descasar, gente carente, gente cheia, gente que sonha amorosamente, gente magoada com essas coisas do amor. Amor-amor, amor-paixão, desamor, desejo, vontade, ilusão. Musas e musos por aqui, por ali, acolá. Essas coisas de sentimento-afetividade são mesmo inspiradoras. Existem relações explicitas, dessas mostradas em redes sociais como que para aprovação geral. E existem dessas relações escondidas, guardadas, nas entrelinhas dos dias. Essas são interessantes. São relações dentro de relações. Ou relações dentro de falsas relações. Mas existem aos montes. E aí podemos pensar nas dificuldades das coisas escondidas. O segredo e sua administração. Hoje quase tudo está passível de cair na dimensão do público. E isso é um perigo. E quais os atrativos da coisa em segredo? O olhar em segredo, o admirar em segredo, o desejar em segredo, o segredo de ter alguém, um ou outro alguém, em segredo.
            Vivemos mesmo uma vida liquida, como diria o sociólogo polonês Zigmund Bauman? Amores líquidos? A liquidez do nada certo, sólido, garantido?
            Serão risíveis amores românticos? Duradouros, para sempre?
            Quais as nossas caixas de segredos? O que elas contêm?

Assim como disse Camus: “Vou-lhe dizer um grande segredo, meu caro. Não espere o juízo final. Ele realiza-se todos os dias”.

Respiros:

- Qual o peso dos crimes de colarinho branco em nossa sociedade?
- Cuidado com sua vida a credito!
- Todos os dias descobrindo o escondido...
- Professor, professora, seja afetivo em sala.
- Andas sorrindo ou carrancudo?


terça-feira, abril 04, 2017

Microcontos, I


Seguimos observando o cotidiano, paisagens, pessoas, maneiras, jeitos. Contemplações que tomam os movimentos da vida como chão do olhar, para lançar outros vãos para os ares do tempo mais além...

Edson
        Mais uma vez batera no portão da mesma pessoa que procura sempre que os dias não seguem bem. O de dentro com que espirito viria. O de fora já sabe sua condição. Pedir ajuda, a humilhação dos que não tem, dos que tem muito pouco nessa vida que seja dono. Espera a boa vontade do lado de fora. No mundo de erros já nem espera acertar em nada. Mesmo tendo vários filhos, precisa ver jeito de sustentar as oito bocas. Entre rebentos maiores e menores, todos os dias eram de buscas e quase encontros. E esperava sempre o melhor. O de dentro já avisava e pedia um minuto para já atender e abrir o limite da propriedade. Pensa que mais uma vez reconhece a voz e nem sabe como ajudar, final de mês, nem mesmo os que julgam ter estão assim tão folgados de haveres. Como de costume o portão é aberto. A pergunta que vem do dentro é típica: como estão as coisas, Edson? Não estão bem, vim aqui pedir ao senhor que arrume qualquer coisa, uns sete reais, qualquer coisa. Final de mês, Edson, difícil. Hoje não tenho nada, semana que vem quem sabe. Mas não dá pro senhor arranjar ai um quilo de feijão, farinha pra fazer alguma coisa lá em casa? Por um momento o lá de dentro pensa, dispensa já esvaziando. Pode ser macarrão? Pode ser sim, senhor. Espere um pouco. Entra, deixa o portão entreaberto, leva a chave. Vai pensando nas necessidades alheias, agradece por ter uma vida que não apresenta tanta falta. Busca no armário acostumado a ser abastecido sempre em data regular. Encontra o pacote de macarrão, uma sacola plástica, sente um tanto de alivio por poder ajudar, mas não está convencido disto. Retorna, encontra o mesmo homem envelhecido pelo sol, pelos dias desarranjados. Ele de fora ainda sorri um jeito que mostra rugas de uma juventude que não sabe ser. Diz que o carrinho logo ali abaixo da calçada foi alugado para carregar entulhos, mas que está difícil conseguir trabalho. Carro pesado de duas rodas. Supõe todo esforço do mundo para tão pouco ganho. O de dentro roga sorte, que as coisas vão dar certo. É, vão sim, senhor. Amarra o saco plástico num canto qualquer do carro de madeira. Vê-se o esforço, dá uma volta em si, segue na direção da necessidade. Vai se afastando, sabe lá o que pensa. O de cá se acha no mundo como que a agradecer e lamentar certos destinos. Mas quem sabe o tempo guarda como resposta...


Propriedade móvel fragilizada
              Na subida da ponte a surpresa. Dentro do carro, distraída em pensamentos, confunde os sentidos, estão ali adiante parados ou em movimento, sem resposta. Resposta veio. Choque brusco: um, dois, três. Não mais colidiram por aquele mais adiante logo brecar o carro importado prontamente. Sinistros urbanos. Trânsito parado, descem ao chão da tensão. Um automóvel que vai passando aconselha como a intimidar:
         - Resolvam o problema de você mais lá na frente, o trânsito quer passar.
       Foi assim, foram mais pro acostamento. Segunda descida. Gentes de três carros. Uma moça, aquela dos pensamentos distraídos, já a imaginar o intervalo no tempo normal da vida. E o dia estava sendo bem escrito. Desses pontos no texto cotidiano que chegam sem aviso na narrativa.
            Do segundo carro, um casal com as expressões nada alheias já cumprem o papel de deixarem o dia com o ar azedo dos acordos sem acordos que não livram um pouco o bolso da quem estava por ali a pensar saber lá onde no mundo.
             - Quebrou né? E o semblante mostra um ar onde tudo pode ocorrer, menos o riso espontâneo.
            Do terceiro carro, o branco importado, um alguém de trajes típicos de pessoa que se julga por si só importante. Trajes, carro, jeito de andar, feições, tudo. Olhou em silêncio como quem a reunir provas nos laudos para a sua justa sentença.
      - Como isso vai ser resolvido, da minha parte seja amigavelmente ou em juízo, tanto faz, sou advogado mesmo.
         - Será resolvido, mas vamos ver tudo. Preciso dos seus contatos.
             E vistoriam mais um tanto os autos. Quadro construído para quem vê de perto-longe. Na beira da ponte estava um rapazinho. Acompanhava como quase todo ser vivente que adora um acidente de verdade. Ouve, vê, não participa. A não ser em sua opinião.
              “Aquele quarto carro lá na frente, freou e ninguém viu, um cachorro na rua pode perturbar”.
         Trocaram números, tiraram fotos. Gente vai pra casa pensando naquela viagem que não mais será.

Erros involuntários erros
              O pedido fora feito diretamente no caixa. Duas qualidades de sushis foram escolhidas, mais uma porção de yakisoba para uma pessoa, somente de carne. Alguma bebida refrigerante. Bem confirmado no caixa, tudo: quarenta reais. Pago com cartão de débito, seguem para a mesa. Antes, porém, observam os trabalhos do rapaz que prepara tudo, com ingredientes à mostra como que a dar um ar de credibilidades com parte dos alimentos sendo preparados a olhos vistos dos clientes. Confirmados os jeitos dos pedidos. Ocupam mesa e esperam vendo imagens na tv afixada na parede, sem som audível. Os minutos passam. Passam mais que o normal. Tanto que veem outros pedidos vir ao salão. Decidem chamar o rapaz que atende, que acumula função de preparos. Mas quem vem mesmo é uma moça. Ah, o pedido de vocês. Já está saindo. Traz os sushis. Depois outro chamado para a bebida. E mais espera. Quase acabando o primeiro pedido, decidem chamar novamente. Ah, está chegando. O rapaz de dupla função passa pela mesa carregando um prato repleto e esfumaçante. Para na mesa logo atrás. Não era pra lá o pedido. Rapidamente refaz o trajeto e era finalmente o pedido. Questiona.
              -Yakisoba pra dois, completo?
              - Aqui é pra um, só carne.
              Pensa e parece que percebe algo errado.
              - Não tem problema
              E sai apressado. Pouco depois é possível notar um clima estranho. A pessoa do caixa era o dono, que advertido pela moça chamou o rapaz de dupla função. O erro fora percebido, por todos. O que fazer? A diferença era de vinte e cinco reais. Mas se os que pediram fossem pagar acentuariam o erro do rapaz. E em tempos de desemprego... Ninguém disse nada a ninguém, mas naquela noite todos tiveram parte no erro e muito que o pensar.

Respiros:
- “...andar com fé eu vou, que a fé não costuma faiá...”
- É preciso criar outros mundos possíveis.
- Você pensa sobre o lixo que produz? Pois deveria! Ele é seu!
- Nós temos direitos e deveres. Conhecemos todos?

- Qual foi sua ousadia de hoje?