quarta-feira, abril 08, 2015

LEIA PARA LER MAIS!

Em geral parece ser comum aos professores, pelo que tenho visto, conversado e debatido, quando chegam período de férias se distanciam de tudo que os faça lembrar o dia-a-dia de textos, papéis, discursos elaborados, ideias difíceis. Querem mesmo, segundo boa maioria, distância do que possa lembrar a labuta. Mas se pensarmos bem, as desejadas férias podem ser momentos de aprendizado. Seja com mais ou menos tempo, temos nessa época a possibilidades de buscar novas experiências, contatos, referências. Viajar e ter acesso a bibliotecas, livrarias, acervos, pessoas, instituições deveria ser sim uma fase ao menos anual para todo educador, de fato. O sentido não é somente restabelecer o corpo das atividades do trabalho cotidiano na educação, mas igualmente alimentar a mente e a alma de experiências reflexivas. Fazer do tempo de folga um momento de aprendizado. Nisso se incluem as leituras, os livros, as revistas, e todo o conjunto de material relevante às praticas de ensino-aprendizagem que possam valer trazer na mala e no pensamento.
No entanto, a regra e o bom hábito da leitura e da pesquisa valem, também, mesmo em épocas de trabalho. Ler deve ser um hábito cotidiano, assim como são as atividades que desenvolvemos para alimentarmos e cuidarmos do corpo, e assim, do espírito. 
Se em geral o professor e a professora reclamam muitas vezes do pouco tempo que possuem para atividades outras que não seja a sala de aula, os planejamentos e temas afins que a escola ou a academia exigem; ainda assim, é preciso valorizar as semanas de folga anual ou mesmo semestral, em alguns casos. Dar-se ao prazer de ler um livro com mais atenção e tempo. Degustar a trama, os argumentos, sem a pressa de fechar logo os planejamentos é algo de muita satisfação. Mas até para saber aproveitar esse tempo é preciso ter critérios. Se me permitem um comentários sobre minhas leituras dessa época... Costumo ler, independente de férias ou não, biografias, material sobre artes, romances maiores que me permitam mergulhar em tramas e viver o imaginário de épocas, as relações entre personagens, estudar estilos de escrita, mergulhar nos processos criativos. Aprecio contos, poesia... Assim enriqueço possibilidades interpretativas, imagens, visões de mundo, e incremento caminhos criativos. Ler é o prazer de descobrir mundos, não há que pensar diferente. E até penso que o ato de leitura precisa ser desenvolvido em quantidade e qualidade. É bem certo que se diz que gosto não se discute, mas também concordo que tais gostos podem ser aprimorados, ampliados, diversificados. Outras fontes de interesse criam outras curiosidades, outras procuras, outras relações. Nesse campo a relação do texto impresso em relação ao digital levanta questões importantes sobre hábitos de leitura.
Em tempos de livros digitais, os chamados ebooks, vale uma ressalva. É indiscutível que hoje em dia o argumento da falta de acesso à leitura deve ser relativizado.  Antes do advento dos livros digitais vivíamos exclusivamente a realidade de livros caros e difíceis de encontrar. Os livros impressos ainda são caros e muitas das vezes impossíveis de serem alcançados. No entanto, a realidade do mundo digital e as práticas de compartilhamento possibilitam um maior acesso a leitura. Hoje os leitores de ebooks tornaram esse acesso um misto de conveniência, praticidade e quebra de modelos de divulgação e consumo. Por pouco mais de duzentos reais consegue-se adquirir um leitor de livros digitais e ali transportar mais de mil livros a sua escolha, sem fazer propaganda de nenhum chamado gadjet. A alimentação e renovação do acervo podem ser feitas em vários sites espalhados na web. Diante disso por que não ler? Tempo? Falta de uma internet de qualidade? Quando há interesse há tempo, e livros são arquivos não muito ‘grandes’ ou ‘pesados’ para serem ‘baixados’. Busque explorar as possibilidades, tempo sempre existe. Interesses estão em volta. Observe, crie suas curiosidades. Independente de ser ou não professor ou professora leia. O hábito da leitura só acontece pela prática. Quanto mais se lê, mais se quer ler. Benefícios? Ampliação do vocabulário, argumentos melhor articulados, novas ideias, repertórios outros, novas ligações com outros tempo e realidades... Diante disso tudo por que não se tornar uma leitora, um leitor?
Por último, certamente a tônica das leituras que faço demanda afinidades que devem com mais ou menos cuidado (ou mais ou menos critério, ou liberdade) ser a prática dos educadores, e dos leitores e leitoras em geral. Visitem as livrarias e bibliotecas, se permitam um bom passeio pelas-entre as estantes, deixem os olhos e as mãos tocar os livros, estabeleçam esse contato de sensibilidades. Deixem a curiosidade acontecer. Façam de seus momentos de folga, ou em meio aos períodos de trabalho, instantes de renovação e reflexão. A formação continuada deve acontecer de maneira a tornar o ato de aprendizado um prazer constante. Seja na leitura de planejamento, de atualização, de prazer, nos debates, nos círculos de estudo. Certamente mais uma multidão de indicações devem aparecer para os períodos de recesso quando o educador e a educadora, mesmo a pessoa que não trabalho na educação, se disponibilizarem a tornar constante sua curiosidade e aprendizado. As salas de aulas tornam-se mais iluminadas e criativas quando essas experiências são compartilhadas e fomentadas. As salas de casa tornam-se mais interessantes quando se possui mais sobre o que falar. Boas leituras!!!

Esse meu texto foi publicado primeiramente no Jornal A Gazeta (Amapá) em 28/03/2015.

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