sexta-feira, agosto 06, 2010

UMA IDÉIA: Com professores e professoras, PAFOR/UEAP, julho de 2010

A experiência educacional é realmente feita de trocas, de complementações. Pensar o contrário é impedir a riqueza dos diálogos, dos processos dialéticos-dialógicos, das descobertas que em parcerias acontecem no encontro de saberes e fazeres. A cada novo encontro de mentalidades que pensam seu tempo, seus desafios, suas perspectivas, renovam-se a idéia que somos ainda criaturas em construção, numa realização de propósitos sendo definidos, certamente num inacabamento sem fim. Viver é ser inacabado. E de certa forma o que somos senão pessoas num continuo processo de vir a ser, sendo...Há quem duvide disso, mas isso ainda assim é parte do mesmo caminhar...
É preciso, oportunamente, pensar a natureza desse inacabamento. Que sejamos pessoas com certa característica de criaturas passíveis de cometer erros ninguém dúvida, mas que os erros e intolerâncias não devem ser aspectos a permanecer como meio de justificar procedimentos que podem muito bem ratificar nossa condição de criaturas possuidoras da razão, afinal somos parte da espécie sapiens sapiens!
Enquanto criaturas gregárias somos fruto de um processo que não podemos esquecer: a herança, mas não qualquer herdeiro nós somos. Temos o potencial de mudança, que precisa ser cada vez mais instrumentalizado (no sentido de aperfeiçoamentos de ferramentas de mudanças no tempo-espaço), fortalecido, aprimorado, entendido. A natureza desses termos justifica nossa vida pensada em coletividades. Nosso futuro é visto pelos desdobramentos das vivências em conjunto. A política, a economia, os movimentos sociais, as lutas por espaços e reconhecimentos, a vida cotidiana, os micro e macro espaços e temas são meios para sermos e estarmos atentos e atentas ao que foi, ao que é, ao que virá. Como diria a música: “é preciso estar atento e forte”!
Mas é preciso que possamos levar essas características e talentos ao futuro, a partir do tempo de hoje. Falo tudo isso da distante-proximidade das experiências vividas com professores e professoras em mais um módulo do PAFOR, curso de pedagogia, desenvolvido em módulos, nas épocas de férias escolares para docentes das escolas dos municípios do Amapá, ocorrido na Universidade Estadual do Amapá. Estive com duas turmas trabalhando temas e provocações em sociologia da educação. Algumas abordagens postas, vislumbres postos para reflexão-ação:
• Pensando que as turmas ainda irão se reunir por mais seis edições o que os impede de construírem uma relação mais orgânica com os outros professores nas outras turmas, a imaginar o quantitativo, temos um potencial de discussão e propostas que podem mobilizar cenários, carências educacionais locais, reinvindições políticas e além, mas é preciso clareza e organização;
• A repercussão de encontros extra sala de aula, em formatos que podem lembrar os tais cafés filosóficos, ou mesmo encontros criativos de troca de experiências, tendo em vista que o vinculo dos professores permanece até o final de cada semestre imediatamente após os períodos normais das disciplinas;
• Que as turmas de professores possam, utilizando desses encontros que ainda vão se repetir por mais seis edições, reunirem-se para mapear suas realidades educacionais e pedagógicas, diagnosticando juntos, estratégias para melhoramentos dos processos educacionais, e, por que não, tendo em vista construir documentos relevantes sobre essas realidades e suas necessidades a fim de dialogarem com gestores públicos, como meios não somente de divulgação das particularidades de cada lugar, mas também como meios de pressão política, cidadã, sobre o que precisa ser mudado e aperfeiçoado em seus contextos;
• Muito foi falado, nas duas semanas de aula, sobre o aspecto da educação libertária, emancipatória, autônoma e independente, levando ao aluno perspectivas de um mundo melhor, mas será que nossos professores estão vislumbrando isso? Quem ensina nossos professores, como nossos professores aprendem ainda são questões pertinentes...;
• Há compromisso dos professores no campo político? Como isso é feito? Somente no campo político partidário? Qual a natureza dessa adesão? Precisamos pensar esses aspectos igualmente;
• Será que existe espaço somente para a dimensão da qualificação, aquilo que falamos sobre a filosofia do conhecimento, ou o que pode aproximar-se do conhecimento pelo conhecimento, numa perspectiva mais rasteira? O desafio da realização desses saberes teóricos na vida real e cotidiana devem ser motivos de constante preocupação. Aprendo para quê? Para quem? Para qual mundo possível? Esse? Outro? Vamos pensar juntos, vamos agir em coletivo!;
• É preciso superar a timidez de ser individuo, pessoa, gente atuante. E não falo aqui da atuação como algo somente no espaço das grandes tribunas, mas como requisito para mobilização de colegas da sala de aula, da escola, da vizinhança, dos amigos, conhecidos, parcerias valoras para incomodar as bases estabelecidas. Como fazer? Vamos estudar, aprender mais, possibilitar que outros aprendam, mas que possamos aprender tendo vínculos com as dimensões locais e suas especificidades, estabelecendo ligações com as dimensões mais amplas da vida.

Esses desafios, e muitos outros, foram pensados junto com os professores e professoras com quem tive o prazer de conviver no mês de julho passado. Trocando experiências, contemplando um novo mundo possível. Nesse momento estamos ainda pensando estratégias, mas a vida nos cobra ação. E isso é um compromisso urgente! Contem comigo!

Respiros!
- A política já está no ar. As campanhas começam novamente a ser parte do nosso cotidiano. Prestem atenção, não sejam bobos num cenário de espertos!
- Aconselho a leitura de “O Príncipe”, de Maquiavel. Só para saberem definir o joio do trigo em épocas atuais.
- Estou de mudança profissional. Novo desafio. Vamos ver o que vai vir. Depois de quatro anos e meio em certa posição no time, sou promovido, fico mais perto do gol! É preciso, no entanto, reaprender as novas artimanhas da bola, e de quem a chuta nesses novos campos!
- Procuro casa ou terreno pra comprar! Fincando mais raízes? Certamente. Parcerias musicais são bem vindas!
- Ouço minha querida mãe me dizendo, lá de Natal: “Que pena que vai sair de seu trabalho, meu filho!”. Ê, mãe, a roda tem que girar! Graças a todas as forças! Já era tempo!
- Boas parcerias cobram ser mais constante nas contribuições aqui no OBSERVATÓRIO AMAPÁ. Toda razão a vocês, mais disciplina Luciano!

4 comentários:

Unknown disse...

Eu que faço parte do PARFOR, vejo atentamente a esses anseios de mudanças, mas na maioria das vezes ficam no campo das idéias, faço minha parte, sou do time do pequeno beija-flor, não posso apagar o incêndio, mas estou colaborando.
Quero ser igual a você quando crescer, kkkk, tenho você como exemplo de que estudar ainda vale muito apena!

Yasmin Vitória disse...

Caro editor,
Concordo com sua afirmação quanto as mudanças, somos seres pensantes e propicios a mudar, a seguir em frente sendo esta mudança em todos os sentidos e não há momento mais oportuno do que este, onde o país deixa de observar a África do Sul e volta a realidade, politica x educação, politica x saúde, interesses x povo, acredito carissímos que é chegada a hora de fazermos mais , muito mais. Observando, escutando, lendo(isso é importantissimo. Vejam os números da educação do estado e façamos a diferença.!!!

Luciano Magnus de Araújo disse...

Querida Yasmin, nosso caminhar apresenta-se em proporcional dimensão às nossas escolhas. Que possamos caminhar construindo parcerias. Os números da Educação no Amapá ainda demandam uma estrada longa... Mas vamos trabalhando...Agradeço a passagem aqui, cadastre-se como seguidora! Luz!!!
Luciano

Luciano Magnus de Araújo disse...

Cara Silene, é preciso ponderar sobre nossas escolhas. Os cenário e desafios estão postos. A avaliação daquilo que estamos fazendo e pensando está posto no que provocamos e movimentamos. Sigamos em frente. Quanto a ser o exemplo, agradeço a referência, mesmo que pense que tão pouco ainda faça. Construa seu caminho-caminhar. Estamos sempre a disposição! Agradeço por passar aqui e deixar mensagem. Cadastre-se como seguidora! Grande abraço e luz!!!
Luciano, o editor.