domingo, maio 30, 2010

Conhecimento e academia das ciências: caminhos complexos caminhantes

 Construir conhecimento, saber, ser agente de processos de conhecimento é se colocar em lugares de muitas responsabilidades. Construir ciência, penso, é fazer parte de um sacerdócio, assim como ser médico, advogado, quando se fala das coisas quando se faz bem feito, ou se pretende. Em outros tempos ser professor ou educador
(condições que valem ser discutidas) era viver uma condição bem diversa de hoje. Os desafios obviamente são de natureza diversa, mas é preciso pensar a natureza do ato de construção de conhecimentos nos espaços de ensino, e aqui falo especificamente do ensino superior. Como se definem o aluno e o professor nesse processo? Que relações são construídas nas interações de construção de conhecimento? O que define as deliberações institucionais que possam influenciar certa pedagogia?  Que perfis são sustentados ou fomentados no cotidiano das instituições de ensino? O que está no conjunto de planos dos professores e alunos quando pensam em seus papéis sociais, para o presente e futuro? Os processos intra-institucionais brecam os andamentos criativos? Essas questões, além de outras, serão tratadas aqui ao longo de conversas semanais, mas por essa ocasião é relevante que possamos pensar já em alguns pontos.
            Quando o objetivo é refletir sobre a natureza daquilo que é feito nas academias de ensino superior, sejam públicas ou privadas, o que temos é um desafio amplo para o pensamento. Há certa compreensão corrente que na universidade as pessoas estão em busca de profissionalização, portanto buscando um lugar ao sol. Nenhum problema, em princípio, sobre esse ponto de vista, mas, ainda assim, é preciso levar em consideração algumas nuances do tema. Quando comparamos o ensino técnico em relação com aquilo que se faz nas universidades, no dito ensino superior, temos algumas diferenças. E certamente nesse ponto há que se destacar os propósitos que levam as pessoas a se matricularem num processo seletivo para ingresso numa universidade.  Em relação a essa escolha é preciso levar em consideração as variáveis tempo, custos, praticidade, inclusão no mercado de trabalho, além de outros aspectos mais específicos. Acredito que no momento que alguém escolhe uma universidade, um curso em específico, tenha em mente ter feito o dever de casa que é conhecer os espaços onde irá atuar, além de procurar saber das virtudes e agruras advindas de sua escolha, e mesmo a qualidade da instituição de ensino. Diferentemente do ensino técnico a universidade, como o próprio sentido da palavra pode sugerir, remonta àquilo de mais amplo e variado que fora acumulado pelo conhecimento humano e que está ali à disposição das mentes curiosas por quererem aprofundar, revelando seus talentos, aprendendo a questionar o mundo e a vida, em busca de respostas. Aqui é onde os que fazem o contexto da universidade nos permitem problematizar um campo interessante: num mundo cada vez mais fragmentado, saberes e fazeres num espaço de racionalidade também se mostram fragmentados. 
Quando escolho querer ser um advogado, um médico, um cientista social, um pedagogo, um filósofo, um enfermeiro, um historiador, devo levar em consideração que ali se constrói conhecimento de natureza teórico-prática. A natureza do desafio do aprendizado e da construção do conhecimento que irá gerar esse ato pedagógico exige que haja certo talento para encarar o mundo para além do meramente pragmático, para além do exclusivamente aparente e cotidiano. Muito do conhecimento construído na academia é de natureza abstrata, muito longe de sua aplicabilidade mais evidente, mas que serve como meios, modelos, conjecturas, matéria prima para se pensar procedimentos, realidades no sentido de construir os chamados “fatos portadores de sentido”. E por esse ponto de vista, uma das grandes dificuldades de alunos e professores é saber como dimensionar esses aspectos na rotina de seus aprendizados nas salas de aula do ensino superior. Um exemplo, seria demais discutir coisas passadas a dois mil anos? Qual a lógica que poderia nos ajudar a convencer alunos sobre a importância de se saber por que certo pensador imaginou que sem garantias mínimas para a construção de uma sociedade estaríamos numa constante luta de todos contra todos (será que ainda não estamos?), e ilustrando que esse teórico falou isso num período onde vigorava certo pensamento em favor de poderes e governos centralizadores na mão de um soberano, dando margem a uma realidade social de poucas liberdades individuais? Por que estudar isso, se isso não me alcança, na minha liberdade de pessoa do século XXI? O engano é não conseguir ver mais amplamente; vamos supor estarmos a viver uma situação bem parecida daquilo que esse autor sugerido pensou no século XVII. Por isso a idéia de universidade, ou de ensino superior para alguns, demanda integração de saberes, ampliação de sentidos numa lógica onde atualidade, história passada e constelações futuras possam ter alguma relação; que se verá complexa.
            Aquilo que se faz nas universidades, na academia (e assim podemos pensar no sentido grego para o termo) são iniciativas que pretendem promover o empoderamento de estudantes-curiosos-pesquisadores-potencias no sentido de verem o mundo não somente como resultado daquilo que está no cotidiano dos jornais, mas como desdobramentos de idéias, planos, intenções, articulações ideológicas com raízes profundas; elementos de uma agenda de máxima urgência para ser discutida. Um grande impedimento está naquilo que cega alguns de visão privilegiadas (por ser a universidade, o ensino superior, ainda, um lugar de poucos) em não verem além das distrações, e assim acham que a caverna onde estão é o único lugar do mundo. As ilusões das cavernas podem ser a repartição onde você, leitor, trabalha, sua sala de estar, sua sala de aula, seu contexto de escolhas, seus sonhos e planos de uma vida de sucesso, os aglomerados de lazer, a solidão, os individualismos, os egoísmos, certas adesões...
Certas dificuldades de se imaginar como participante ativo do conhecimento que se constrói nos espaços acadêmicos são oriundas da clara dificuldade em não se saber problematizar os processos vitais: ambientais, sociais, políticos, econômicos, passados, presentes e futuros. É preciso aprender a pensar a localidade, assim como a globalidade. É preciso aprender a ser colaborativo, e não exclusivamente competitivo. É preciso entender que redes de relação não são conjuntos que unicamente ajudam interesses egoístas, mas que nos permite juntar forças em prol de ações de maior alcance, e mais conscientes de seus desdobramentos. É preciso aprender a ler e entender o que está sendo lido como algo urgente, tendo em vista os vastos acervos à nossa disposição; daí discutirmos os motivo que tantos não conseguem nem mesmo interpretar fatos sociais que acontecem em sua própria casa ou rua. É preciso ser um cidadão para o mundo. Um cidadão se constrói nos processos de vida social, saindo de sua casa, de suas proteções que impedem viver os mais diversos espaços da vida, no seu tempo. Esse tipo de pessoa pode sim ser pensado e tocado nos espaços das academias do pensamento, mas não somente lá. De toda forma é preciso que estejamos atentos nas reflexões, mas investigando nas relações motivos para a criação de novas categorias de pensamento sem cairmos em arrogâncias, dando liberdade ao livre pensar.
Um caminho possível? Vejamos o passado, Sonhemos o futuro. Os saberes e fazeres nos ofertam belas imagens. Essa coluna pretende ser um espaço de debate aberto para pensar o futuro e o presente, nosso desafio.

Respiros!

Essa eleição em Macapá-Brasil promete, alianças sem jeito, na verdade não se vota ou coliga por hoje, mas pelas outras futuras eleições. Quem liga pra isso?
Há quem diga que ler emburrece!
É preciso ter atenção por esses processos de seleção, os observadores estão vendo que as coisas nem sempre são licitas! Tome cuidado!
Me diga uma coisa, um especialista pode avaliar o currículo de um mestre numa seleção para professor? Pode?  Ahhh, não sabia!
Há que diga que essa eleição será diferente! Muito dinheiro rolando, muitos interesses em jogo!

Dúvidas, orientações, críticas e sugestões:
Msc. Luciano Magnus de Araújo.
Para Conversações: (96) 8117.7450 – 9153.3458
Emails de contato: LMA3@HOTMAIL.COM
lucianoaraujo3@yahoo.com.br
lucaraujo3@gmail.com
ORKUT: Luc Araújo
Twitter: www.twitter.com/lucaraujo3


2 comentários:

Isabella Araujo disse...

Concordo com você. Acredito que a partir do estudo e análise dos acontecimentos históricos passamos a compreender o contexto contemporâneo, dessa forma, teremos uma visão mais ampla, crítica, cética e aprofundada sobre diversos assuntos em que estamos inseridos. Penso que esse seja o primeiro passo para contribuir socialmente com a extensão do conhecimento adquirido em sala de aula. Entretanto, lamentavelmente, são poucos os que gostam de ler e escrever, por exemplo. A força de vontade, determinação, foco e empenho fazem a diferença nessas horas. Mas isso tudo exige esforço e dedicação.
Quais seriam as formas de reconquistar o gosto pela leitura? Pela verdadeira leitura? Pela leitura de qualidade?
São poucos os que desejam tirar o véu da ignorância.

LUCIANO MAGNUS DE ARAÚJO disse...

Cara Idabella, agradecido por ter passado aqui no Observatório e dado atenção aos meus escritos. Sua opinião é valiosa, as inquietações sobre a leitura são evidentes, precisamos mesmo qualificar as práticas de leitura, dar aos estudantes, as pessoas em geral meios de criarem o hábito de ampliarem seus repertórios, mas é claro esbarra sempre na dimensão das prioridades do cotidiano. Gostar de ler é algo belo! Hoje mesmo recebi uma caixa de livros que havia enconmendado, você deve imaginar qual minha alegria em encontrar os livros, como se fossem amigos para o sempre, e manusea-los com um gosto de parceria em breve. Isso, na verdade, minha querida, é algo cultivado. Cotidianamente. Grande abraço, continue lendo o OBSERVATÓRIO AMAPÁ!
Luciano MAgnus de Araújo